Sejam dormitando em nós mesmos ou espalhadas ao nosso redor, as sementes das maiores virtudes aguardam o momento de serem cultivadas. Os alertas que recebemos para evitar quedas desnecessárias e desfechos desoladores encontram-se na voz discreta e silenciosa da própria consciência. Esta, que atua como guia moral e bússola interna, revela os princípios fundamentais já inscritos em nosso interior, devendo nos nortear e apontar a prática da autovigilância e da bondade como o melhor escudo contra os fracassos morais. Esse conjunto de ensinamentos também se encontra nos preceitos transmitidos pelas tradições e doutrinas espirituais ao longo das gerações, bem como nos pilares da ética universal expressa nas mais elevadas manifestações culturais e artísticas.
Parábola do Semeador Pieter Bruegel, o velho (1557)
O bom samaritano Van Gogh
Na escultura, Moisés, de Michelangelo, simboliza responsabilidade, força e liderança moral, enquanto sua Pietà expressa a transcendência do amor maternal. O Pensador, de Rodin, representa a reflexão sobre a vida, a consciência moral e a busca pela verdade.
A música também nos transmite lições espirituais e éticas. A Paixão Segundo São Mateus, de Bach, expressa o sacrifício, a fé e o amor divino. O Messias, de Händel, evoca esperança e consolação. A Sinfonia nº 9, de Beethoven, é um hino à fraternidade universal, enquanto a Ave Maria, de Schubert, inspira tranquilidade, devoção e segurança espiritual. A seu trono, o Réquiem, de Mozart, conduz à reflexão sobre a mortalidade, o juízo final e a esperança na continuidade da vida.
Somente pela prática cotidiana do melhor que possuímos em nosso íntimo é que podemos atingir o estado de plenitude e harmonia tão almejado. No entanto, em vez de abraçar esses princípios, o ser humano frequentemente desperdiça oportunidades valiosas, negligenciando as diretrizes éticas que deveriam nortear seu progresso. Assim, deixa de cultivar a renovação interior, privando-se da força necessária para superar suas imperfeições.
Quando nos deixamos levar pelos impulsos momentâneos, cedendo à ira, ao prazer imediato e às ilusões do egoísmo, ignoramos advertências que poderiam evitar sofrimentos prolongados e intensos. Optar por satisfazer caprichos efêmeros, que apenas conduzem à ruína, é rejeitar a disciplina necessária para uma felicidade real e duradoura.
Pedro e João perante a Ressureição
Eugene Burnand
Eugene Burnand
Ao compreendermos que todas as conquistas materiais — riquezas, poder e status social — são transitórias e destinadas a se dissipar com o tempo, passamos a redefinir nossas prioridades. Tudo o que alimenta o orgulho e as vaidades desmedidas um dia deixará de existir, dissolvendo-se perante a realidade implacável da finitude. Até mesmo os astros que brilham no firmamento um dia se apagarão, mas o espírito, nossa essência imortal, perdurará eternamente. Por isso, devemos pensar além do presente efêmera, investindo no aprimoramento moral enquanto ainda temos a oportunidade de crescimento e aprendizado.
Cada um deve cuidar de seu destino eterno enquanto percorre a estrada da existência terrena, dedicando-se a ações dignas e edificantes. Caso contrário, a dor se tornará inevitável, pois ninguém escapa às consequências da negligência diante dos próprios deveres. Quem adia sua transformação interior enfrentará provas mais duras e desafiadoras. A aceitação da responsabilidade pelo próprio aprimoramento é a chave para a verdadeira vitória espiritual, a única conquista que permanecerá inalterada diante da passagem do tempo.
João Batista Da Vinci