Sejam dormitando em nós mesmos ou espalhadas ao nosso redor, as sementes das maiores virtudes aguardam o momento de serem cultivadas. ...

Onde estão as sementes do bem?

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Sejam dormitando em nós mesmos ou espalhadas ao nosso redor, as sementes das maiores virtudes aguardam o momento de serem cultivadas. Os alertas que recebemos para evitar quedas desnecessárias e desfechos desoladores encontram-se na voz discreta e silenciosa da própria consciência. Esta, que atua como guia moral e bússola interna, revela os princípios fundamentais já inscritos em nosso interior, devendo nos nortear e apontar a prática da autovigilância e da bondade como o melhor escudo contra os fracassos morais. Esse conjunto de ensinamentos também se encontra nos preceitos transmitidos pelas tradições e doutrinas espirituais ao longo das gerações, bem como nos pilares da ética universal expressa nas mais elevadas manifestações culturais e artísticas.

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Parábola do Semeador Pieter Bruegel, o velho (1557)
Na literatura, Crime e Castigo, de Dostoiévski, aborda o arrependimento e a redenção por meio da trajetória de Raskólnikov. Dom Quixote, de Cervantes, ressalta o valor dos ideais e o equilíbrio entre sonho e realidade. A Divina Comédia, de Dante, narra a jornada das almas conforme suas ações. Guerra e Paz, de Tolstói, reflete sobre o sentido da vida, revelando que a felicidade reside na simplicidade, na bondade e no respeito à dignidade humana. O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, alerta para as consequências da vaidade e da corrupção moral, demonstrando que a beleza exterior não pode ocultar a decadência interior.

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O bom samaritano Van Gogh
As artes plásticas também exaltam as virtudes. Na tela O Retorno do Filho Pródigo, Rembrandt ensina sobre perdão, humildade e compaixão. O Juízo Final, de Michelangelo, retrata as consequências dos atos humanos, destacando valores como responsabilidade moral e justiça divina. Em Cristo no Monte das Oliveiras, Bloch transmite uma lição de fé e coragem diante do sofrimento. O Bom Samaritano, de Van Gogh, reforça a importância da solidariedade e do amor ao próximo.

Na escultura, Moisés, de Michelangelo, simboliza responsabilidade, força e liderança moral, enquanto sua Pietà expressa a transcendência do amor maternal. O Pensador, de Rodin, representa a reflexão sobre a vida, a consciência moral e a busca pela verdade.

A música também nos transmite lições espirituais e éticas. A Paixão Segundo São Mateus, de Bach, expressa o sacrifício, a fé e o amor divino. O Messias, de Händel, evoca esperança e consolação. A Sinfonia nº 9, de Beethoven, é um hino à fraternidade universal, enquanto a Ave Maria, de Schubert, inspira tranquilidade, devoção e segurança espiritual. A seu trono, o Réquiem, de Mozart, conduz à reflexão sobre a mortalidade, o juízo final e a esperança na continuidade da vida.


Somente pela prática cotidiana do melhor que possuímos em nosso íntimo é que podemos atingir o estado de plenitude e harmonia tão almejado. No entanto, em vez de abraçar esses princípios, o ser humano frequentemente desperdiça oportunidades valiosas, negligenciando as diretrizes éticas que deveriam nortear seu progresso. Assim, deixa de cultivar a renovação interior, privando-se da força necessária para superar suas imperfeições.

Quando nos deixamos levar pelos impulsos momentâneos, cedendo à ira, ao prazer imediato e às ilusões do egoísmo, ignoramos advertências que poderiam evitar sofrimentos prolongados e intensos. Optar por satisfazer caprichos efêmeros, que apenas conduzem à ruína, é rejeitar a disciplina necessária para uma felicidade real e duradoura.
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Pedro e João perante a Ressureição
Eugene Burnand
Dessa maneira, afastamo-nos das oportunidades de elevação e fechamos os olhos à verdade que nos permitiria trilhar um caminho mais digno, sereno e luminoso.

Ao compreendermos que todas as conquistas materiais — riquezas, poder e status social — são transitórias e destinadas a se dissipar com o tempo, passamos a redefinir nossas prioridades. Tudo o que alimenta o orgulho e as vaidades desmedidas um dia deixará de existir, dissolvendo-se perante a realidade implacável da finitude. Até mesmo os astros que brilham no firmamento um dia se apagarão, mas o espírito, nossa essência imortal, perdurará eternamente. Por isso, devemos pensar além do presente efêmera, investindo no aprimoramento moral enquanto ainda temos a oportunidade de crescimento e aprendizado.

Cada um deve cuidar de seu destino eterno enquanto percorre a estrada da existência terrena, dedicando-se a ações dignas e edificantes. Caso contrário, a dor se tornará inevitável, pois ninguém escapa às consequências da negligência diante dos próprios deveres. Quem adia sua transformação interior enfrentará provas mais duras e desafiadoras. A aceitação da responsabilidade pelo próprio aprimoramento é a chave para a verdadeira vitória espiritual, a única conquista que permanecerá inalterada diante da passagem do tempo.

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João Batista Da Vinci
As sementes do bem estão nos pequenos gestos de compaixão que oferecemos ao outro, nas escolhas silenciosas em favor da paz e do equilíbrio, no esforço diário para sermos melhores do que fomos ontem. Elas florescem na coragem de reconhecer nossos erros, na humildade de pedir perdão e na determinação de seguir adiante com um coração renovado.

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