Lembro-me da primeira vez que conversei com Magno Nicolau. O ano deveria ser 2008, quando a editora Ideia funcionava no Centro da cidade de João Pessoa, em frente à Arquidiocese, se não me falha a memória. Estava eu resolvendo algo ali por perto. Procurava uma editora para publicar meu primeiro livro: Lembrança Perseverante. No afã tipicamente juvenil, entrei eufórico e quase quebrei a porta de vidro que dava acesso à mesa do editor. Recordo-me até do sorriso de Magno, bastante complacente com a minha euforia.
Sabia da qualidade editorial da Ideia, mas naquele momento tive que adiar meu sonho de publicar pela editora levando outra obra, a segunda – Versos Versáteis –, em 2010, com prefácio de Carlos Aranha, jornalista e membro da Academia Paraibana de Letras, de quem acabei tornando-me amigo, este que no mesmo ano me conduziu ao Correio da Paraíba, no qual pude imergir para emergir na prosa, com a publicação de
artigos, crônicas e incursões poéticas na página de opinião. A capa da obra, uma das minhas preferidas ilustrações, ficou sob incumbência do professor e artista plástico Chico Pereira. O lançamento ocorreu no Teatro Ednaldo do Egypto, em 19 de outubro. Contou com a presença de amigos, familiares, do saudoso presidente da APL, à época Juarez Farias, também de Damião Ramos Cavalcanti, e do jornalista Walter Galvão (in memoriam), todos estes conduzidos pelo jornalista e cerimonialista Aldo Schueler. Houve ainda a performance teatral do grupo Argonautas, sob direção de Tony Silva, com os atores Adriano Marcos e Nyka Barros.
Em recente entrevista, perguntaram-me o que a literatura me proporcionou. Respondi: amigos. Nesse sentido, a editora Ideia tem proporcionado muitos encontros a cada publicação ou evento em que esteja envolvida. Não só a mim, evidentemente, mas a todos os amantes dos livros (ficcionais e não ficcionais) que de uma forma ou de outra se misturam com a história da editora, como escritores por ela publicados, ilustradores, revisores (sendo eu um deles) e leitores.
Em 2016, é lançado Confesso estar vivendo, no qual reúno parte considerável dos textos publicados no jornal Correio da Paraíba entre os anos de 2010 e 2016. O lançamento ocorreu na Fundação Casa de José Américo no dia 11 de março. Durante o evento, falaram o escritor Ronaldo Cagiano e o poeta Bruno Farias – mais um episódio, para mim, memorável.
Em 2023, pela Ideia, veio à tona (A)Temporal, com prefácio da escritora e psicóloga Larissa Rodrigues; na orelha, o professor, escritor e poeta Hildeberto Barbosa Filho; posfácio do escritor Tiago Germano e quarta capa do professor e poeta Sérgio de Castro Pinto. O lançamento ocorreu no Bricktops Café, e o livro foi apresentado por HBF. Na obra, é possível conferir 43 poemas, cuja temática é predominantemente o amor, este que nos marca, nos redime do tempo, à medida que também nos recorda do seu caráter efêmero, pois um dia acabará devido à sua, à nossa finitude. Não obstante tudo isso, por onde passa provoca temporais e calmaria. Todo amor é (a)temporal.
Com o escritor e poeta Hildeberto Barbosa Filho. @portuguesleobarbosa
Atemporal também será a editora Ideia que, nesses 35 anos de muito trabalho empregado, tempo e energia investidos, assumiu o compromisso de tornar este país melhor, sobretudo legando ao nosso estado publicações que preservam a memória do nosso povo, no que há de sublime, pois antes dos escritos há sonhos envolvidos. Sou testemunha disso, na condição de leitor e autor desta editora perseverante, diante de um país que (ainda) está aprendendo a ler.