A ausência de saúde emocional nas famílias contemporâneas é um fenômeno que envolve fatores culturais ou econômicos, impactando diretam...

Desafios para o bem-estar familiar

carencia afetiva familiar ausencia emocional
A ausência de saúde emocional nas famílias contemporâneas é um fenômeno que envolve fatores culturais ou econômicos, impactando diretamente o bem-estar e o desenvolvimento das relações afetivas vitais entre pais, filhos e irmãos. Esse distanciamento emocional também é perceptível nas interações sociais no ambiente de trabalho, e entre matrimônios desestruturados.

Noutros tempos, as famílias preservavam o respeito à hierarquia familiar, cultivando vínculos emocionais por meio de uma convivência saudável e portanto duradoura. Contudo, ao longo das
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Manson Yim
últimas décadas, a sociedade desestruturou seus valores socioafetivos, impulsionada pela falta de confiança nas instituições, pelas incertezas geradas por meio dos falsos dogmas religiosos e científicos e pelas violentas transformações culturais. Nos tempos atuais, a entrada das mulheres no mercado de trabalho, embora represente um avanço na luta pela igualdade de gênero, trouxe consigo a pressão de conciliar múltiplos papéis — tanto profissionais quanto familiares.

Este cenário de tensão resultou em escassez de tempo e energia para nutrir as relações emocionais dentro da família. A presença física no lar, entretanto, nem sempre garante uma presença emocional saudável, o que pode levar os membros da família a se sentirem desconectados emocionalmente. Por outro lado, a mobilidade geográfica amplificada pela globalização e pelo aumento das oportunidades de trabalho em diferentes regiões, tem distanciado fisicamente os membros da família, dificultando a manutenção de laços afetivos vitais. A busca por melhores condições de vida, nesse sentido, muitas vezes resulta em uma carência de vínculos sólidos.

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David Kwewum
Além disso, o impacto da tecnologia e das redes sociais desempenha uma influência decisiva neste distanciamento emocional, gerando uma carência compulsiva. Ao mesmo tempo em que a tecnologia facilita a conexão, também tem gerado um ambiente onde a interação virtual termina substituindo, em muitos casos, a convivência verdadeira e real. O uso excessivo de dispositivos móveis e redes sociais tem fortalecido uma comunicação superficial, fragmentada, artificial, o que compromete a qualidade dos laços familiares. A dependência digital e as falsas informações vêm provocando danos à saúde física e mental dentro do espaço familiar, com cada indivíduo imerso em seu próprio dispositivo, resultando em uma ‘presença ausente’, comportamento que enfraquece e destrói a empatia, elo fundamental para a construção de relações saudáveis.

A vida contemporânea, marcada pela pressão por produtividade, tanto no âmbito do trabalho quanto na vida pessoal, tem impulsionado ainda mais a ausência emocional nas famílias. A obsessiva busca por sucesso financeiro tem levado ao esgotamento emocional, deixando pouco espaço para o desenvolvimento de vínculos afetivos duradouros. Os pais, muitas vezes, se sentem culpados
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Ryoji Iwata
por não conseguirem promover e preservar a saúde emocional dos seus filhos, o que lhes traz frustração e sentimento de desconexão. Como consequência, as crianças podem se sentir abandonadas, com problemas de baixa autoestima, dificuldades de socialização e até comportamentos de risco como, por exemplo, tendência ao suicídio, ao uso do álcool e outras drogas.

A ausência emocional nas famílias contemporâneas tem apresentado danos na saúde mental, especialmente de crianças e adolescentes. O suporte emocional adequado, ou seja, a terapia é fundamental para o desenvolvimento psicológico saudável; sua falta pode resultar em distúrbios como ansiedade, depressão, transtornos comportamentais e até alimentares. Crianças que não recebem o acolhimento e o carinho necessário tendem a desenvolver carências e insegurança que prejudicam suas relações futuras e desequilibram a maneira como lidam com emoções e conflitos. A falta de modelos afetivos saudáveis termina comprometendo sua capacidade de confiar nas outras pessoas ao longo da vida.
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Unsp
Para os pais, a sensação de distanciamento emocional em relação aos filhos pode aumentar os níveis de estresse e culpa, potencializando a depressão e a ansiedade.

É urgente que a sociedade e o governo fortaleçam políticas públicas na promoção do bem-estar emocional das famílias, com equilíbrio entre trabalho e vida familiar, como licenças parentais mais longas, horários flexíveis e a criação de ambientes de trabalho mais saudáveis, para ajudar as famílias a estabelecerem um equilíbrio entre as demandas profissionais e o tempo dedicado à convivência afetiva. Programas educacionais e de apoio psicológicos voltados para os pais, como cursos sobre habilidades de comunicação emocional e gestão do estresse, podem contribuir para melhorar a qualidade das relações familiares e reduzir a ausência emocional. O apoio de terapeutas familiares também se faz necessário para ajudar as famílias a lidar com as tensões decorrentes dos conflitos modernos.

Sendo a saúde emocional das famílias essencial para o bem-estar coletivo, é imperativo que a sociedade, as instituições e os indivíduos se unam para recuperar e fortalecer os vínculos afetivos vitais para construção de um ambiente familiar feliz.

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