Pode parecer estranho o título deste texto, mas é isso mesmo. No emaranhado de situações que é a vida que levamos, não damos conta que há dias que ficam nos chamando para alguma coisa, ou advertindo. Já notaram isso? Pois é. Eu aqui... só depois que a neve cobriu minha carapinha é que fui observar essa peculiaridade que nossos dias têm. Vamos ver.
Ironias à parte, fiquei aguardando o diagnóstico (ou o veredicto) sentado numa banqueta, à sombra, enquanto lá fora brilhava um sol de matar calango. Foi aí que o dia resolveu conversar comigo:
⏤ Uma cervejinha até que ia bem, não ia? Na praia, pé na areia, jogando conversa fora com os amigos e você aí servindo de pajem para essa lata velha.
O dia estava me chamando para algo mais produtivo, mais próximo de minhas vontades, e eu ali, naquela situação deplorável.
Então, fui me lembrando dessas conversas surreais que os dias têm a mania de travar comigo. Já acontecera algumas vezes.
⏤ Vai levantar agora? É muito cedo.
⏤ Tenho minhas responsabilidades.
⏤ Vai se encontrar com fulano de tal (ele diz o nome do "fulano de tal")?
⏤ Sim, temos uma reunião marcada.
⏤ Pois você vai esperar, esperar... Depois ele liga dizendo que não vai poder ir. Dorme mais porque hoje eu (“eu” é o dia) não vou estar para peixe. Vai dar tudo errado com você.
⏤ Tenho minhas responsabilidades.
⏤ Vai se encontrar com fulano de tal (ele diz o nome do "fulano de tal")?
⏤ Sim, temos uma reunião marcada.
⏤ Pois você vai esperar, esperar... Depois ele liga dizendo que não vai poder ir. Dorme mais porque hoje eu (“eu” é o dia) não vou estar para peixe. Vai dar tudo errado com você.
Aquele primeiro instinto matinal que nos ocorre assim que acordamos. “Não sei se vou à praia... será que vai chover?” Este será é o dia dando um aviso em forma de deboche. Nem vá pôr o pé na areia, porque vai cair um toró. Água despencando manhã, tarde e noite.
Como perceberam, há os avisos e os chamados. Aprendi de uns tempos para cá diferenciar quando o dia está avisando e quando está me chamando. Eu vou por aqui falando dessas coisas, de uma e de outra.
Há aquelas horas de saudade, de introspecção, de clima preguiçoso, segurando as temperaturas. É quando o dia nos chama para abrir uma garrafa de vinho. Seja quando tudo deu certo
E quando há muita coisa para se fazer e acreditamos que não daremos conta das tarefas?
Nessas manhãzinhas, quando acordo com tais preocupações, abro a janela, respiro fundo e ele sempre me chega com aquele recado, na verdade, um chamamento. É o dia conversando comigo: “Faça o que puder, quem não pode fazer o que deve, deve fazer o que pode!” Pronto, enterrei meus aperreios! Aí já é o dia exibindo a faceta de bom conselheiro.
Há amigos que dizem que quando vamos por veredas equivocadas e tudo dá errado, são os espíritos obsessores nos atazanando. Eu já acho que é o dia que está de mau-humor. De um jeito e de outro é bom tomar cuidado. Então, para os que estão abrindo as páginas desta gazeta, o que posso desejar é um “Bom dia”!