Pode parecer estranho o título deste texto, mas é isso mesmo. No emaranhado de situações que é a vida que levamos, não damos conta ...

O dia que chama

carro oficina imprevisto prevencao
Pode parecer estranho o título deste texto, mas é isso mesmo. No emaranhado de situações que é a vida que levamos, não damos conta que há dias que ficam nos chamando para alguma coisa, ou advertindo. Já notaram isso? Pois é. Eu aqui... só depois que a neve cobriu minha carapinha é que fui observar essa peculiaridade que nossos dias têm. Vamos ver.

carro oficina imprevisto prevencao
Sábado que passou, gastei a manhã numa oficina, porque aquele amontoado de latas e parafusos que me leva pra lá e pra cá resolveu soltar umas fumacinhas que estavam fora do combinado. O especialista, vulgo mecânico, com cara de agente funerário e com ares de sabe-tudo, veio me comunicar o óbvio: “É o motor!”. Ao que respondi com aquele falso ar de surpresa: “Jura? Pensei que fosse o pneu traseiro”.

Ironias à parte, fiquei aguardando o diagnóstico (ou o veredicto) sentado numa banqueta, à sombra, enquanto lá fora brilhava um sol de matar calango. Foi aí que o dia resolveu conversar comigo:

⏤ Uma cervejinha até que ia bem, não ia? Na praia, pé na areia, jogando conversa fora com os amigos e você aí servindo de pajem para essa lata velha.

O dia estava me chamando para algo mais produtivo, mais próximo de minhas vontades, e eu ali, naquela situação deplorável.

carro oficina imprevisto prevencao
Meus amigos, nunca odiei tanto aquela geringonça de quatro rodas. Eu esperando o que fazer, aguardando, e lá fora o céu pintado de azul, o mar, como em todos os verões, devia estar em sua cor de turmalina. Pensem numa raiva. E por quê? Porque o dia resolveu falar comigo e mostrar a inutilidade do que eu estava fazendo.

Então, fui me lembrando dessas conversas surreais que os dias têm a mania de travar comigo. Já acontecera algumas vezes.


carro oficina imprevisto prevencao
Isso mesmo, meus amigos, minhas amigas. Não percebemos, mas os dias conversam conosco. Eles nos avisam, mas nós não percebemos, ou não acreditamos. Sempre foi assim comigo e provavelmente com você, que está decifrando estes rabiscos.

Aquele primeiro instinto matinal que nos ocorre assim que acordamos. “Não sei se vou à praia... será que vai chover?” Este será é o dia dando um aviso em forma de deboche. Nem vá pôr o pé na areia, porque vai cair um toró. Água despencando manhã, tarde e noite.

carro oficina imprevisto prevencao
Se for viajar, fique esperto porque uma desatenção pode ser fatal. Se algo dentro de você está dizendo para não ir, não vá. É o dia se comunicando com você. E se a viagem for de avião? Aí que a coisa pega.

Como perceberam, há os avisos e os chamados. Aprendi de uns tempos para cá diferenciar quando o dia está avisando e quando está me chamando. Eu vou por aqui falando dessas coisas, de uma e de outra.

Há aquelas horas de saudade, de introspecção, de clima preguiçoso, segurando as temperaturas. É quando o dia nos chama para abrir uma garrafa de vinho. Seja quando tudo deu certo
carro oficina imprevisto prevencao
e há motivos para comemorar, seja quando tudo deu errado e nada mais pode ser feito, o dia nos sugere, em ambos os casos, uma rede e uma boa dose da “marvada” — para celebrar ou esquecer.

E quando há muita coisa para se fazer e acreditamos que não daremos conta das tarefas?

Nessas manhãzinhas, quando acordo com tais preocupações, abro a janela, respiro fundo e ele sempre me chega com aquele recado, na verdade, um chamamento. É o dia conversando comigo: “Faça o que puder, quem não pode fazer o que deve, deve fazer o que pode!” Pronto, enterrei meus aperreios! Aí já é o dia exibindo a faceta de bom conselheiro.

Há amigos que dizem que quando vamos por veredas equivocadas e tudo dá errado, são os espíritos obsessores nos atazanando. Eu já acho que é o dia que está de mau-humor. De um jeito e de outro é bom tomar cuidado. Então, para os que estão abrindo as páginas desta gazeta, o que posso desejar é um “Bom dia”!

COMENTE, VIA FACEBOOK
COMENTE, VIA GOOGLE
  1. Decifrador dos dias. O cronista olha pela janela, aspira o ar e já percebe tudo. E essa sensibilidade especial lhe permite escrever a crônica saborosa. Parabéns, Paiva. Francisco Gil Messias.

    ResponderExcluir

leia também