Nos momentos de aflição, quando esgotam-se as alternativas, o melhor que podemos fazer, quando ainda nos restam alguns resquícios de fé, é recorrermos aos santos. Foi o que fiz neste fim de semana que se foi. Nas linhas seguintes vou tentar revelar qual o santo a quem recorri e os motivos pelos quais fui suplicar sua ajuda.
Nestes anos todos, enfermidades, viagens e até luto não me afastaram dessa obrigação prazerosa que é preparar meus rabiscos para apreciação dos contumazes leitores desta gazeta. Devo ter falhado uma ou duas vezes. Não mais. Afinal, compromisso é compromisso. Não pensem que é fácil. Passo a semana observando gente, situações, ouvindo uma coisa aqui, outra acolá e depois dou aqui a minha versão. É esta uma das obrigações do cronista: observar e depois relatar, ao seu estilo, o que entende ser conveniente transformar em texto. Mas não é tarefa de pouca monta. Depois de escolhida a temática , para mim, escrever é como catar feijão. É trabalho meticuloso, não é fácil separar os carunchos, os pedriscos, os grãos raquíticos. Uma palavra mal colocada compromete toda escrita.
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Conjecturei que, se esse é o santo que disponho vou tentar descobrir algo dele. E o que descobri? São Francisco de Sales, é padroeiro dos escritores, jornalistas e toda gente que se mete a escrever. Dizem que esse santo era muito sabido e era tido como “Doutor da Igreja”, pelo menos foi o que disse o papa Pio IX. O nosso papa, o Francisco, por ocasião do quarto centenário de sua morte (a do santo e não a do papa) publicou a carta apostólica “Totum amoris est” em 28 de dezembro de 2022 mostrando a relevância desse santo. E mais, vejam o que disse o nosso papa: “Quem estudar atentamente a vida de Sales descobrirá que, desde os primeiros anos, ele foi modelo de uma santidade não austera... sua conversa nada tem de amargura, nem a convivência com ele lhe dá tédio, mas alegria e alegria.
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Absolutamente nada. Nenhuma inspiração. Fim de domingo, fui dormir com aquela sensação de tarefa não cumprida; e mais ainda, sem pesrpectiva de cumpri-la. Acredito que se você não dá valor ao santo, este não lhe socorre. Eu não o conhecia. De fato não é um santo famoso. Ele deve ter ficado contrariado com minha sinceridade. Desprezou-me. Raiva, talvez.
Segunda de manhãzinha, mal despertado, contei minha angústia à minha mulher ao que ela de pronto me socorreu:
⏤ Meu querido, falta de assunto, também é assunto!
Estava resolvido meu dilema. Aqui está a tarefa devidamente desenrolada. Quanto ao santo em questão... Meu pai me ensinou, não arrumar briga com polícia, padre e gente poderosa. Não falou nada sobre santos, mas por via das dúvidas...