No mural de alguém no Facebook, certa vez surpreendemo-nos com uma postagem em que o autor relatava sobre uma “maldita colheita” de...

Saudades do Sujismundo

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No mural de alguém no Facebook, certa vez surpreendemo-nos com uma postagem em que o autor relatava sobre uma “maldita colheita” de objetos plásticos jogados na beira-mar. No respectivo texto ele dizia que “a coleta havia sido feita na manhã de uma sexta-feira, em faixa de areia da bela praia do Cabo Branco com aproximadamente 200 metros de extensão, por dois de largura”. “Coletei quase 40 objetos de até 10 centímetros
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C. Sheila
antes do horário previsto para o início da limpeza pública que acontece a partir das 7 horas” - informou.

E prosseguiu:

“Trouxe apenas o que daria para encher os dois bolsos do calção. Visualizei dezenas de objetos maiores, latas de cerveja, garrafas e latas de refrigerante, sandálias, pedaços de isopor, fragmentos de redes… Paisagem encontrável diariamente em nossas praias urbanas pela manhã. A limpeza pública não é suficiente para combater o despejo do lixo nas praias e de tudo o que é jogado diretamente no mar. E que acaba voltando às praias. Precisamos nos conscientizar de quanto isso é nocivo ao meio ambiente para reduzir o impacto dessa catástrofe na vida de todos nós”.

É bom ver que o Facebook e outros canais da web cumprem seu papel de divulgar coisas úteis e produtivas. Mas, nem a atitude da postagem, nem o fato em si nos surpreenderam, porque o lixo costumeiramente jogado nas praias e nas ruas ainda é coisa lamentável que se vê corriqueiramente.

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M. Ehlers
Causa espanto ver pessoas, inclusive famílias, que se dirigem a um bucólico recanto de uma praia não urbana, coberto de coqueiros e vegetação nativa, passam o dia usufruindo do paradisíaco local e depois vão embora deixando um amontoado de lixo, principalmente reciclável, e, pasmem, até fralda suja “recheada”... Será que elas não pensam que outros virão, ou até mesmo elas próprias, em outro dia, com o mesmo intuito de curtir a praia limpa como gostariam de encontrar?

Voltando ao post do Facebook, aproveitamos para informar que, certa vez, há alguns anos, demos uma sugestão a um deputado de então para um projeto de lei que incluísse obrigatoriamente no orçamento público dos estados e municípios um percentual –
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J. Bizar
por menor que fosse – destinado a campanhas educativas. Daí, haveria uma rubrica específica e exclusivamente utilizável para tal fim, com previsão de penalidades para os gestores que não a cumprissem.

Não há dúvida que nada se compara à educação quando nos referimos ao trato com a coisa pública, com o patrimônio ambiental, paisagístico à conduta cidadã. Basta lembrar do respeito à faixa de pedestres que se adquiriu em nossa cidade, a partir de uma simples campanha empreendida pela prefeitura da capital paraibana, se não me engano na primeira gestão de Ricardo Coutinho. Antes disso, ninguém respeitava pedestre, buzinava-se para que as pessoas saíssem da frente, e, muito menos, os ciclistas.

Sobre a limpeza das ruas e espaços públicos, a última e única, salvo engano, campanha educativa da qual todos devem se recordar, foi a protagonizada por “Sujismundo”, um personagem criado por Ruy Perotti veiculada em publicidade para televisão pela ditadura militar brasileira, muito popular na década de 1970, intitulada “Povo desenvolvido é povo limpo”.


De lá para cá, nada mais, e haja lixo e plástico nas praias e vias públicas. Uma verdade que dói sobretudo quando a gente se lembra dos bilhões gastos com fundo eleitoral, do dinheirão usado para divulgar obras públicas, e absolutamente nada direcionado para educação em campanhas no rádio, na TV, jornais, redes e mídias virtuais em prol da limpeza, da preservação do meio ambiente, da poluição sonora, nada!

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O. Constantin
Infelizmente, o assunto proposto ao referido deputado, sobre o tal projeto de lei, morreu… Mas, na postagem da rede social ficou reacesa a lembrança de que é possível contribuir por nós próprios, já que dos governos, para os mais importantes setores que são educação e saúde, nada se espera.


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  1. Jose Mario Espínola5/1/25 03:23

    O lixo abandonado é uma das evidências de quanto o Homem faz mal à natureza.
    Muito oportuno o seu texto, abade Romero.
    Não podemos esperar o poder público: com a sua imagem tão respeitada, este pode ser o início de uma boa campanha cívica.
    Que tal você levar adiante?
    Conte comigo para divulgá-la!

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  2. Anônimo5/1/25 07:43

    Oportuníssimo texto, Germano. Parabéns. Francisco Gil Messias.

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  3. Lembro- me.bem da figura do Sujismundo. Boa lembrança, Germano.

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  4. Anônimo7/1/25 07:23

    Ontem, nos noticiários em pleno mês de janeiro lemos a situação das praias do litoral de São Paulo, e estou certa de toda Costa brasileira. Ir à praia e passar pelo risco de viroses e encontrá-la interditada por insalubridade, sujeira. É o fim mesmo, ressuscite-se o Sujismundo.

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