De repente, o mundo virtual se tornou excessivamente ruidoso. Ou talvez eu tenha envelhecido demais no último ano. Mas o certo mes...

Quero a tranquilidade da alma

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De repente, o mundo virtual se tornou excessivamente ruidoso. Ou talvez eu tenha envelhecido demais no último ano.

Mas o certo mesmo é que meus dias andam cada vez mais curtos, assim como a minha paciência com o turbilhão incessante de informações que, em sua maioria, pouco me acrescentam.

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Van Gogh, 1888
Tão raras se tornaram as minhas horas, entre tintas e escritas, livros alheios e meus, que me parece terem encurtado os dias. A arte me salva o tempo todo. Ela me resgata dos abismos que os homens cavam no tecido do mundo; e quando algum medo quer se esconder na dobra do meu vestido, é ela, a arte, que o afugenta, me arrastando para o seu mundo de imaginação solta, onde tudo é possível.

Para 2025 decidi reduzir algumas coisas – a quantidade de açúcar, as horas em redes sociais e a possibilidade dos outros me ferirem com a sua loucura. Por outro lado, aumentei significativamente o tempo mergulhada em livros.

Decidi reler alguns velhos amigos – Goethe, Chaucer, Woolf – e alguns novos, gente que me encanta no seu flerte recém-iniciado com a literatura, essa velha amiga.

Também aumentei as horas olhando o vento nas árvores, sombras dançando no chão, flores nascendo nas frestas da calçada.

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Van Gogh, 1884
Permanecerão em mim as boas e poucas amizades (as que não são reféns das mentiras que se conta a si mesmo, as que não trazem o coração ressecado por mesquinharias, as que não são escravas de malquerenças).

Há muito eu me dei de presente a liberdade – minha e alheia. Sempre resisti à ditadura dessa nova gaiola que é a mente ansiosa por curtidas e por produzir conteúdo sem parar, por vaidade. Isso não vai mudar.

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Van Gogh, 1889
Neste ano que se inicia, talvez eu só deseje mesmo manter velhos sonhos. A palavra que escolhi para este tempo é “sofrosine”, antigo conceito grego que reflete um ideal de caráter e de mente sã, na qual brilham temperança, moderação, pureza e autocontrole – tesouros não tão bem vistos em um mundo que aplaude excessos e extremos. Eu quero ser a que permanece a mesma na derrota e na vitória – e este objetivo, sozinho, já é um grande desafio.

Eu quero a tranquilidade da alma.
arvores van gogh

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  1. Anônimo8/1/25 13:49

    👏👏👏👏👏👏👏🙏🙏🙏🙏🙏🙏❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️

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  2. Anônimo8/1/25 14:23

    Muito bom💕

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