A hora da morte e como esperamos que ela seja
Dona Lídia era uma idosa muito ativa. Nas festas de família, seguidamente era uma das mais animadas.
Conversadeira, queria saber das novidades e sempre tinha algum “causo” pra contar. Já com seus XX anos de idade, mantinha a jovialidade e o carisma.
Religiosa, tinha o Mestre Jesus como a grande referência, como os católicos em geral. Sempre orientava os outros para que não desistissem das batalhas da vida.
Certo dia, todavia, Dona Lídia cismou que ia morrer. Avisou aos parentes mais próximos que a sua hora estava chegando.
Naquela semana, no fim de tarde, tomou o seu costumeiro banho, colocou a sua melhor roupa e se deitou na cama de seu quarto, fechou os olhos e ficou com as mãos entrelaçadas – como se vê em relação às pessoas que faleceram, no caixão, em seu velório.
Os parentes e amigos vinham à residência para convencê-la de que não havia chegado a sua hora. Mas, ninguém conseguiu lhe afastar daquela ideia.
Aí foi que uma de suas netas, a Mariana, lembrou-se de chamar conhecida médium espírita das redondezas, que sempre tinha uma palavra de orientação e consolo ou um conselho oportuno.
Entrou na casa e logo foi ao quarto, onde deparou-se com a cena que já havia sido informada pela neta. Sentou-se ao pé da cama e, como haviam feito os parentes, chamou-a pelo nome.
Sem resposta...
Foi então que a médium, de maneira perspicaz, perguntou à senhora imóvel: “- Dona Lídia, você ouviu Jesus lhe chamar?”
Dona Lídia abriu os olhos, no mesmo instante, e respondeu que não.
E a médium complementou: — É que quando for a sua hora Jesus vai chamar a senhora.”
Então, ela se levantou e exclamou: - Se é assim, então vou esperar Jesus me chamar!
Os dias se passaram, logo meses, depois mais um ou outro ano, até que Dona Lídia adoeceu de verdade e foi levada ao hospital, onde permaneceu alguns dias.
Na data de sua partida, na presença daquela neta que havia ido buscar a médium, ela olhou, não disse uma palavra, e com os olhos arregalados mas alegres, apontou para o teto do quarto.
Ficou ela, então, sempre viva, até quando a morte chegou...
E deitou seu rosto para o lado, dando o último suspiro.
Será que foi Jesus, de fato, que veio buscar nossa personagem no instante final?
É bem possível que um Espírito familiar, sabedor da situação vivida e antes descrita, manipulou seu fluido vital para assumir uma aparência o mais próxima possível do nosso Magrão.
E, assim, Dona Lídia pôde morrer descansada. Sabendo que o Mestre tinha vindo lhe buscar...