"Os livros têm um poder extraordinário. Mas tenha cuidado. É o livro que detém o poder, não você"
(Sosuke Natsukawa ▪️ O gato que amava livros)
(Sosuke Natsukawa ▪️ O gato que amava livros)
O gato está associado à literatura, ao meditar, ao filosofar, e vários romancistas, poetas, pintores, artistas de um modo geral são admiradores desses felinos, eles aparecem em fotos com seus donos, em telas de pintores famosos. É bem conhecido o quadro de Matisse – O Gato com peixes vermelhos - e Marc Chagall pintou a belíssima tela Paris através da janela em que um gato, com cara de um ser humano, está situado em primeiro plano com o olhar voltado para a Torre Eiffel. Quem não se recorda das pinturas de gatos do brasileiro Aldemir Martins? São várias telas em cores bem tropicais. É frequente também a presença de gatos em romances e poemas.
Marc Chagall ▪️ Paris através da janela Guggenheim (N. York)
No romance fantástico de Sosuke Natsukawa, um gato malhado de pelo laranja e olhos verde-jade chamado Tigre protagoniza a história com o adolescente Rintaro. O que há de comum entre os dois? São apaixonados por livros. A dupla enfrenta situações difíceis, procuram resgatar livros aprisionados, maltratados e abandonados.
Sosuke Natsukawa @asiaon
O menino ficou morando na casa do avô após a separação dos pais, logo depois a mãe morreu e o avô substituiu os pais ausentes, incutindo no neto o amor aos livros. A morte repentina do avô deixou o menino sem norte, até que aparece o gato Tigre e a história toma outro rumo.
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Um das lições do avô, sempre lembrada por Kintaro, era sobre o ato de ler. Ensinou que ler não era só prazer e entretenimento, precisava ler as mesmas frases várias vezes, a leitura exigia um ritmo árduo e lento. O resultado da leitura meditativa permitia encontrar uma bela vista ao final de uma longa escalada, daí a comparação constante que fazia: “Ler um livro é muito parecido com escalar uma montanha”.
Interessante também é a comparação entre a música e o livro. São parecidos, trazem sabedoria, coragem e cura. Foram criados pelo homem como ferramentas que oferecem conforto e inspiração. A música pode chegar até nós de diferentes maneiras: no rádio do carro enquanto dirige, fones de ouvido quando está correndo, a música pode acompanhar-nos em qualquer lugar e hora. Você pode trabalhar em uma pesquisa enquanto ouve a
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Dividido em quatro labirintos ou quatro capítulos, uma referência clássica ao mito grego de Teseu e Minotauro, o livro pode ainda ser interpretado como uma jornada de autodescoberta. Há passagens inusitadas no decorrer da narrativa, como o encontro de Kintaro com o velho destruidor de livros.
A leitura de O gato que amava livros me conduziu à releitura de A memória vegetal e outros escritos sobre bibliofilia, de Umberto Eco e sua declaração de amor ao livro: “Como é belo um livro, que foi pensado para ser tomado nas mãos, até na cama, até num barco, até onde não existam tomadas elétricas, até onde e quando qualquer bateria se descarregou. Suporta marcadores e cantos dobrados e pode ser derrubado no chão ou abandonado sobre o peito ou joelhos quando caímos de sono”.
Este livro é uma história sobre o cuidar de si e dos outros, e sobre o grande poder dos livros na vida das pessoas.