ALGUNS ANJOS Alguns anjos visitam a Terra, Habitam entre nós por curto tempo E nos ensinam a amar. Não nos pedem quase nada,...

Flores da alma

 
ALGUNS ANJOS
Alguns anjos visitam a Terra, Habitam entre nós por curto tempo E nos ensinam a amar. Não nos pedem quase nada, Apenas água e comida, E um lugar pra descansar. E nos dão tanto, tais anjos! Quanto amor! Quanta alegria! Lealdade e dedicação! Ensinando-nos com paciência Que o reino dos céus se conquista um dia, Com caudas que balançam, Com lambeijos de paciência Com latidos de alegria. Depois partem tão cedo E deixam para nós o segredo Que só amando sem medo, Um dia seremos anjos, Aprendendo com eles A pureza de coração.


EMPOEZADA
Ando muito “empoezada”. O excesso de poesia contida, Deixa-me a alma oprimida, E a mente desfocada. Ando muito empoezada A poesia teima em não fluir, Por certo não falta assunto, Mas se o amor não anda junto, O verso custa a evoluir. A cabeça anda às tontas, O coração anda aos pulos, A poesia gritando, Saindo me pelos poros. Mas o coração trancado, De poesia empoezado, Nega-se ao soneto E ao fado. Sofre como um desesperado.


À BEIRA DO ABISMO
Encontrei-te à beira do abismo A olhar ora para o firmamento, Ora para as profundezas, Em atitude de franca incerteza. Tentei chamar tua atenção Para a beleza da paisagem ao redor, Nada na vida é extremo, Depois do dia tórrido Não vem de repente a noite escura, Há sempre a mediação do arrebol. Havia tanta beleza a ser visitada, Os tons de verde no lugar, Os perfumes suaves das flores, O canto dos pássaros para apreciar. Quis te falar da poesia, que até mesmo a dor nos ensina, Quando a gente resolve que a vida É bem mais que um mau dia. Mas o teu olhar não me enxergou, Aqueles lindos olhos claros, Eram vítreos faróis de dor. Tentei ouvir-te as palavras Que a princípio me soavam Como versos de um poema. Quis entender, marcar a rima. Entretanto, não sei se culpa do vento, Tudo que ouvi foi puro lamento, E um sibilar de serpente ferida, Havia dor e ódio, em cascata incontida. E os teus olhos estavam cegos, No fundo da pupila a dor brotava E surgia pelos canais lacrimais, Gotas ácidas e mortais. Mesmo assim eu quis te amar, Sentei-me a teu lado, Tentei de toda forma te alcançar. Mas há coisas que não se forçam E uma delas é a amizade, o amor. As portas do coração ninguém consegue arrombar, No final saímos marcados pela dor. Por isso aprendi a lição, Não te demores onde não te convidam para entrar, Levanta-te , leva tua poesia E teu fado, para outra estação.


ERÓTICA
Erótica é a pele que arrepia Quando sopra o vento vespertino. Erótica é tua voz qual o cicio da folhagem Escondendo-me segredos. Erótico é teu olhar Desvendando meus medos. Eróticas são tuas mãos desnudando-me Em suaves carícias. Erótica a canção que me cantas Com a voz carregada de malícia. Eróticas somos nós, Filhas de Eros, Eterno poema de amor.


BOLHAS DE SABÃO
Poemas brotam de mim Quais se fossem bolhas de sabão. Saem da minha pena tão leves, E voam de forma breve Espocando sem tocar o chão. Poemas são flores da alma, Quem os colhe se acalma, Abre o sorriso e sonha, Alegrando o coração. Poemas são abraços de ternura, Saem do coração de forma pura, Adoçam a realidade dura, Desmancham qualquer catadura. Que brotem de mim como flores, Como coloridas falenas, Que falem de coisas amenas, E acabem com todas as dores. Que pousem nos corações amargos, Trazendo o amor a seu cargo, Libertando-nos dos fardos, Dos mundos de céus tão pardos.


ALVA
Pudesse eu ser o teu céu Eu me faria límpida e azul Como um céu de verão. E acolheria o teu cansaço Deitando teu corpo em Nuvens de algodão. Pudesse eu ser o teu céu Eu acolheria o teu inverno d’alma. Em teu lugar choraria uma doce E fresca chuva e em teus olhos Veria renascer a calma. Pudesse eu ser o teu céu, Eu te daria os mais belos pares de sol E toda prata das luas cheias. Enfeitaria teu sorriso, Com o brilho das estrelas E o teu caminho com o rastro de um cometa. Mas estás de mim tão distante E eu sou apenas uma sabiá errante Que canta poemas ao entardecer Enquanto espera a Alva nascer.


ESCULTURA
Tem rosto a dor que me dói no peito? Tem nome? Tem endereço? Tudo que sei é que me despedaça! Como cinzel que desgasta o mármore, A dor vai me moldando, Vai me esculpindo, Vai me delineando. E vou ganhando forma Vou ganhando detalhes, Vou me delineando, Em cada golpe, Em cada entalhe. Até que pronta, A dor há de me olhar E gritar aos meus ouvidos: Respira! E eu estarei pronta para partir.

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