A arte na sociedade une as pessoas e inspira movimentos revolucionários para garantir a dignidade humana. Em tempos de opressão, as obras artísticas podem se tornar uma forma de resistência contra a perversidade humana. Ela dá voz às vozes silenciadas, fortalece o ímpeto de luta e inspira a esperança, assim como reflete a evolução cultural e tecnológica ao longo dos séculos e a forma como os cidadãos se relacionam entre si e com a própria sociedade.
Nos últimos séculos, especialmente o 19, a música erudita expressou os ideais do Iluminismo, do Romantismo, da Revolução Industrial, e é vista como um reflexo da busca por excelência, ordem e beleza, tornando-se um símbolo de pertencimento de um país, de forma a estabelecer uma fusão entre passado e o presente, ao mesmo tempo que contribuiu para a criação de uma tradição cultural que constituiu regionalismos e nacionalismos em seus territórios. Na década de 1970, por exemplo, surgiu no nordeste do Brasil o Movimento Armorial na cidade do Recife, capital do estado de Pernambuco, tendo o seu maior incentivador o escritor, filósofo, dramaturgo, professor, romancista, artista plástico, ensaísta, poeta, político e advogado paraibano Ariano Vilar Suassuna (1927 – 2014).
Ao longo da história, a música erudita expressa as culturas e revoluções de um país ao desenvolver o pensamento crítico dos cidadãos por meio da percepção estética musical. Em suas obras, os compositores expõem as condições sociais de seus respectivos tempos e suas peças se tornam um símbolo de afirmação nacional, preservando memórias históricas que construíram a dignidade de seu povo. Nesse sentido, a música erudita promove bem-estar social. Além disso, ela tem uma relação com a ciência, especialmente no campo da acústica, descritas pela matemática e física.
Compositores como o francês Jean-Philippe Rameau (1683 – 1764) e Franz Joseph Haydn (1732 – 1809) do Sacro Império Romano-Germânico exploraram os aspectos científicos do som, da harmonia e das tonalidades, e assim contribuíram para o desenvolvimento de teorias sobre a percepção sonora, fazendo-a interagir com diversas áreas do conhecimento humano.
As promoções de concertos em eventos populares contribuem para massificar o acesso a mais pessoas, de forma diversificada e democrática. Esse processo cria o senso de pertencimento por meio do folclore, cancioneiro popular e gêneros artísticos regionais. Um dos maiores impactos da música erudita na sociedade tem sido sua formalização como uma disciplina nas escolas e universidades para impulsionar o desenvolvimento intelectual dos cidadãos e contribuír para as transformações sociais em função do bem comum. O estudo da música, seja por meio da teoria ou da prática instrumental, estimula várias habilidades como a memória, a concentração, o raciocínio lógico e a resolução de conflitos.
Essa formação oferece uma experiência que desenvolve a sensibilidade estética, aprimora a capacidade de análise crítica e a desconstrução do embrutecimento humano. Ela também potencializa a inteligência emocional ao levar os ouvintes a estados de introspecção e habilidade para reconstruir seus projetos de vida. Esse processo aguça a sensibilidade para as formas de beleza implícitas no dia a dia e a capacidade de enfrentar desafios com mais resiliência.
A inclusão social por meio da música erudita vem democratizando a criação de Orquestras comunitárias. Temos como exemplo o Projeto Prima, no Estado da Paraíba. Seus programas de ensino têm demonstrado resultados de transformação social ao promover o sentimento de pertencimento e autoestima, de forma a potencializar nos jovens e crianças a oportunidade para o desenvolvimento pessoal e profissional. A popularização de concertos tem tornado a música erudita mais acessível aos cidadãos. Isso tem construído um gosto estético de identidade na formação e fidelização de plateia.