As cores Os ditos As saudades O tempo é o tom Das coisas E dos modos de fazer Essa é a mensagem Os homens mortais O...

Com os olhos no fim da tarde

poesia paraibana antonio aurelio cassiano
 
As cores Os ditos As saudades O tempo é o tom Das coisas E dos modos de fazer Essa é a mensagem Os homens mortais Os objetos mais longevos Mas há memória viva Em tudo que a puder Suportar No fim A saudade é mais Que sentimento É uma brisa Que traz de volta Nossos amores que voaram
Largo o espaço Do passo Que não posso dar Medo da sombra Braço de medida Onda de luz Cuido do tempo Como quem deita ovos Para colher pintos Do contrário Não teria sentido Viver Mas os lampejos na noite Estrelas e raios Me dizem das belezas E vivo com a liberdade Dos deuses Em condição de mortalidade Não sou eu É a totalidade das coisas Expostas à Cronos
Rasa a tábua Ainda assim Tábua Senso comum Aparente estupidez Conhecimento Estamos todos na terra E algumas certezas são invenções De quem deseja poder Meu Foucault humano Dolorido da vida Sabia sobre o poder Rompeu regras Riu das certezas E disse algo como: "Todos obedecemos Todos mandamos " Enfim, todos exercemos poder" Morreu de AIDS ele O humano Mas venceu a morte ele o Filósofo Algo análogo à: "Toda Nudez Será Castigada" Como instigou Jabor De que vale saber tanto Se tanto é tão pouco Para uma validade tão exígua? Ainda assim Sigo entre flores Livros e lápides Não me basta saber Porque de nada me vale Se o outro também não souber... Daí que a ignorância alheia Ou é também a minha Ou é só outro conhecimento que eu não sei... Nadar Prever o futuro Ou como vai ser morrer... Viver não é dar uma volta no playground É pensar e esquecer E escolher e abandonar
Solfejar um blues Na janela da tarde Abatendo o horizonte Com o olhar Desperdiçar as nuvens E suas formas Mutantes Colher os voos dos pássaros São tantas palavras indigentes No Dicionário dos pobres Não importa a língua Que for... Mas estranhamente É o mesmo frio É o mesmo calor É a mesma fome Desde cedo aprendi: A questão não é a língua Por inteiro É somente o verbo Ter E se solfeja um blues Na janela da fome Com os olhos vendo o fim da tarde E a disposição de abater seja lá o que for...

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