As cores
Os ditos
As saudades
O tempo é o tom
Das coisas
E dos modos de fazer
Essa é a mensagem
Os homens mortais
Os objetos mais longevos
Mas há memória viva
Em tudo que a puder
Suportar
No fim
A saudade é mais
Que sentimento
É uma brisa
Que traz de volta
Nossos amores que voaram
Largo o espaço
Do passo
Que não posso dar
Medo da sombra
Braço de medida
Onda de luz
Cuido do tempo
Como quem deita ovos
Para colher pintos
Do contrário
Não teria sentido
Viver
Mas os lampejos na noite
Estrelas e raios
Me dizem das belezas
E vivo com a liberdade
Dos deuses
Em condição de mortalidade
Não sou eu
É a totalidade das coisas
Expostas à Cronos
Rasa a tábua
Ainda assim
Tábua
Senso comum
Aparente estupidez
Conhecimento
Estamos todos na terra
E algumas certezas são invenções
De quem deseja poder
Meu Foucault humano
Dolorido da vida
Sabia sobre o poder
Rompeu regras
Riu das certezas
E disse algo como:
"Todos obedecemos
Todos mandamos "
Enfim, todos exercemos poder"
Morreu de AIDS ele
O humano
Mas venceu a morte ele o Filósofo
Algo análogo à:
"Toda Nudez Será Castigada"
Como instigou Jabor
De que vale saber tanto
Se tanto é tão pouco
Para uma validade tão exígua?
Ainda assim
Sigo entre flores
Livros e lápides
Não me basta saber
Porque de nada me vale
Se o outro também não souber...
Daí que a ignorância alheia
Ou é também a minha
Ou é só outro conhecimento que eu não sei...
Nadar
Prever o futuro
Ou como vai ser morrer...
Viver não é dar uma volta no playground
É pensar e esquecer
E escolher e abandonar
Solfejar um blues
Na janela da tarde
Abatendo o horizonte
Com o olhar
Desperdiçar as nuvens
E suas formas
Mutantes
Colher os voos dos pássaros
São tantas palavras indigentes
No Dicionário dos pobres
Não importa a língua
Que for...
Mas estranhamente
É o mesmo frio
É o mesmo calor
É a mesma fome
Desde cedo aprendi:
A questão não é a língua
Por inteiro
É somente o verbo Ter
E se solfeja um blues
Na janela da fome
Com os olhos vendo o fim da tarde
E a disposição de abater seja lá o que for...
janeiro 18, 2025
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