Nunca pensei pequeno e sempre deu certo, portanto, nada mais natural do que partir para enfim ser milionário nestes últimos 50 anos de vida que me restam. O difícil foi conciliar a necessidade de descobrir uma maneira de ganhar muita grana com o nadismo, filosofia que desenvolvi e prático com perfeição. Ou seja; apenas ficar esperando que a grana chegue sem que eu execute qualquer tarefa.
O início foi apostar em todo tipo de loteria oficial, aquelas ofertadas pela Caixa. Jamais deixo de jogar. Portanto estou habilitado a ganhar os cem milhões de dólares da megasena do fim do ano. Também comecei a jogar na loteria americana cujo prêmio já ultrapassa os 800 milhões de dólares. Amigos me alertaram que quando eu ganhar essa grana o governo americano vai me pagar em parcelas que se estenderão ao longo de 29 anos. Para quem vai morrer assassinado aos 120 anos por um marido ciumento de 25 anos, nada demais, né? E como Deus quer mesmo ajudar nessa empreitada milionária, mandou minha linda e querida nora Rafaelli me convencer a monetizar as postagens que faço no facebook e no Instagram por puro deleite.
Finalmente consegui monetizar as páginas e poucos dias depois uma surpresa; o Instagram informou que minhas postagens haviam sido vistas nos últimos 30 dias mais de 23 MILHÕES de vezes. Aí a coisa começou a engrenar. Que loterias que nada, os milhões estavam ali. Como não entendo nada do assunto, pedi a Paulinho C. para estimar quanto ganharia. Ele fez uns cálculos e disse que somente no mês seriam 230 mil reais. Fiquei feliz, né? E aí cometi o despautério de dizer a mãe Leca.
Porém já sabendo como funciona a cabeça dela eu informei que receberia apenas 23 mil reais. Como esperado, ela disse que estava dentro e queria a parte dela (metade dos 23 mil reais). Ora, tirando 11.500 reais de 230 mil ainda estava de bom tamanho. Porém meia hora depois Paulinho C. me ligou e disse que havia errado, que o calculo dava 2.300 reais. Liguei novamente para mãe Leca e dei a notícia: “— Lindinho, não quero nem saber, você deve estar mancomunado com Paulinho. Eu quero meus 11.500 reais e quero logo”. Ainda tentei argumentar dizendo que toda grana que eu ganhasse nas loterias ou na internet seria para ajudar os pobres. “— Ô meu amor, você acha que Deus é besta, é? Que vai acreditar nessa conversinha de ajudar pobres? Ele sabe que você vai gastar a grana com os pirangueiros da padaria Bonfim. Eu quero meus 11.500 reais e pronto”.
Mais uma vez me lasquei!