Dia de festa. Compus a orquestra com virtuoses-mendigos, A palavra passei aos poetas mansos. Equilibrei o tom com voze...

Um Natal que não mente

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Dia de festa. Compus a orquestra com virtuoses-mendigos, A palavra passei aos poetas mansos. Equilibrei o tom com vozes iradas; Desde que gritassem baixo, só um coro de fundo, com plasticidade dramática em poemas enérgicos. Rápido e passageiro, uma dose mínima de tempero. A cabeceira da mesa ofereci ao pai desempregado, ao meu lado, uma família de refugiados do fim do mundo. Os ossos guardei para os cães abandonados, e ao grupo de ambulantes ofertei mais que dinheiro trocado. Vesti as crianças com retalhos de paetês, e os velhos aconcheguei com cachecóis dos mortos, sem brinquedos de plástico e bolo de mentira. Aos doentes servi doses de carinho e beijos que selam cicatrizes. Dei um lugar de honra ao escritor que envelhecia, as mulheres em triunfo curtiram a vertigem da razão. Os homens ganharam cédulas de mentira e ouro de chocolate, A música fez render a animação Desfazendo a ilusão, coloquei espelhos na sala. Pedi que à entrada deixassem os problemas e a mala, de amável cortesia a expressão de um sorriso sincero. Aos jovens pedi duetos de amor, aos pintores, papel de seda e cores. Proibi terminantemente a entrada de penetras; Um detector apontaria o impostor, o corrupto, o mentiroso e o covarde De medida preventiva proibi políticos de histórias mal contadas Entrou Pedro Malazarte respirando fundo o clima da verdade Festa que promete lendária história O coração em desvelo atento a servir com absoluta satisfação Banquete farto de amor e paixão, ao humano em nós. Um brinde à gratidão, apelo a misericórdia e compaixão.

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