“Pra que casa cercada por muralha
Se a cova é cercada pelo pranto
Se pra Deus todos têm do mesmo tanto
Tanto faz a fortuna ou a migalha
Pra que roupa de marca se a mortalha
Não requer estilista na costura
Se o cadáver que a veste não procura
Nem saber se a costura ficou boa
Família é onde encontras com o melhor e o pior dos outros e, principalmente, de ti mesmo"
(Zé Adalberto)
É no convívio com as pessoas que te foram “impostas” pela natividade que experimentas as mais doloridas tristezas; inveja e raiva; crueza; decepções e desilusões, já que esperas uma primavera de sentimentos e atitudes como companheirismo, fidelidade, carinho, consideração, partilha e não a inversão no agir que torna a convivência inexplicavelmente dolorida.
Conviver é viver em via de mão dupla, por isso quando ocorrem os atropelos os machucados se fazem presentes em ambos os lados.
Porém, não só de dores essa relação familiar é composta, nela podes testemunhar de perto o nascer do amor incondicional nos corações das tuas crias; nos corações dos teus netos; nos corações dos teus irmãos; nos corações das crias deles. É esse amor incondicional que precisas deixar brilhar.
Se propaga, mundialmente, que nessa época de Natal e Ano Novo haja harmonia, perdão, humildade, caridade, sentimentos bons, positivos, e que toda escuridão do nosso coração seja colocada num lava-a-jato, para que ele possa ter um novo olhar sobre os próximos 12 meses.
Não é fácil!
Ainda mais quando você tem consciência que as convivências com aqueles que dividem o mesmo DNA contigo não é um mar de flores, que os espinhos existem, ferem; deixam marcas, e as dores sangram de forma impiedosa. Mas, é possível!
Basta que não haja a obrigatoriedade e sim o respeito pelas diferenças, pelos diferentes olhares, pelas individualidades de cada um. Conviver é espelhar-se.
Fato!
Sem que seja programado, um dia irás ver espelhado no outro teu “descabelado” ser. O outro verá em ti o desleixado ser que está sendo. O que fazer?
Conversar, dialogar.
Conversar sem ter uma arma a punho, pronta para ser disparada. Atitude que requer, acima de tudo, convocar a humildade como aliada.
Dialogar, é ligar-se ao outro com disposição para escutar.
As diferenças nas atitudes do viver, não são corrigidas impondo teu ponto de vista, tuas maneira de ver e agir, que podem ser as mais corretas de todas, mas é mostrando que o outro pode deixar o melhor dele dirigir ações e comportamentos, que terás tido atenção sobre aquilo que foi dito.
A construção do melhor em nós e, principalmente, nos irmãos, filhos, maridos, esposas, enfim, na “família”, é uma difícil empreitada que demanda muita energia. Que tenhamos a franqueza e sensibilidade; humildade e caridade, como ferramentas para melhorarmos as relações conosco mesmos, com os familiares e amigos.
Que a única muralha em nós seja contra a autodesvalorização.