Refrescando a memória

Genival Ribeiro, figura humana extraordinária, não foi o pioneiro da nossa propaganda nem fundou a Lord Publicidade. Genival pode ser visto como um dos responsáveis pelo primeiro grande esforço no sentido da atualização, digamos assim, da propaganda, aqui na Paraíba.

A história é a seguinte: Tudo começou com um cearense chamado Francisco Ribeiro, que, aliás, era cunhado do médico Edward Aguiar e não tinha nenhum parentesco com Genival. Essa figura, homem viajado, sabia que lá fora as pessoas estavam ganhando dinheiro fazendo

Genival Ribeiro e Ana Maria Gondim Rose Silveira

a ponte entre o anunciante e o veículo de comunicação — cuidando, inclusive, da produção do reclame (era assim que se chamava o anúncio naquela época).

Chico então fundou a Lord Publicidade, cujo emblema era uma cartola e uma bengala, o que veio a ser talvez a primeira logomarca da província. Esperto, ele tirou Erisenor Faustino do departamento comercial da Rádio Arapuan. Portanto, a Lord foi fundada por Chico Ribeiro, tendo como parceiro, logo no início, o incansável Erisenor Faustino, um dos grandes ícones da publicidade paraibana.

E Genival? Genival começou comprando um horário na Rádio Arapuan. O programa era o “Bom dia, Trabalhador”, que antecedia o famoso “Mesa de Redação”, com apresentação de Ary Silva (por onde andará o meu amigo Ary Silva?), que foi substituído tempos depois por Cardivando de Oliveira.

Genival acertou com Otinaldo Lourenço a compra do horário; pagava religiosamente o espaço, mas acabou causando sérios problemas para Lourenço: os reclames no horário comprado por Genival eram cada vez mais numerosos e bem mais baratos do que a tabela da emissora.

Otinaldo Lourenço
TV Câmara (J. Pessoa)

Otinaldo deu o tranca no “Bom dia, Trabalhador” e Genival, já então com bastante experiência no ramo, foi atraído por Chico e Erisenor para a consolidada Lord Publicidade.

Genival Ribeiro foi na verdade o fundador da GR, agência que deu enorme dimensão à propaganda da Paraíba, realizando campanhas de abrangência nacional e de muita qualidade técnica. Detalhe importante: a GR abrigava um dos maiores talentos da propaganda made in PB: Ivan Thomaz, que depois fundaria a sua própria agência, a Aquarela.

É bom lembrar que, antes da Lord e da GR, quem reinava absoluta por essas bandas era a Japergil Propaganda, que reunia os homens de rádio Jacy Cavalcanti, Victor Perruci e Gilberto Patrício.

Cardivando de Oliveira A União

Bom, quase todo mundo já morreu. Só Cardivando de Oliveira, testemunha ocular da história, ainda está vivo, embora encarando as limitações de um AVC, como o amigo que vos tecla.

Para falar da M&G Propaganda, dou a palavra a um dos seus idealizadores ainda vivinho da silva, o multimídia Guy Joseph:

“Quando retornei do Rio de Janeiro, em 1980, encontrei o mercado publicitário ainda bastante primitivo. Eu havia sido diretor de arte de agências de propaganda no Rio e não estava mais a fim de continuar mexendo com propaganda”.

Prossegue Joseph:

“Por insistência de Marcos Tavares terminei por fundar a M&G Propaganda para suprir a lacuna das agências que não se aprimoravam no aspecto visual de suas peças gráficas. Esse foi o diferencial da M&G”.

Guy Joseph

E o experiente publicitário finaliza seu depoimento fazendo uma revelação: “Ao se lançar no mercado, a M&G conquistou, de cara, a conta da Caderneta de Poupança Própria. De surpresa, sem avisar o prospect, saímos com um anúncio de página inteira, nos três jornais da época, solicitando publicamente a conta da Própria. Surpreendida, a financeira nos mandou chamar para esclarecer do que se tratava aquele anúncio não autorizado. Foi assim que conquistamos a conta da Própria. Depois, vieram outras, Saelpa, Secretaria. das Finanças, etc”.

Fico por aqui. Quem quiser contestar minhas mal traçadas linhas que atire o primeiro celular... E antes que os críticos resolvam dar o ar da graça, já antecipo que o assunto continua em aberto. Também estou querendo reavivar minha memória. Mas já digo que, sobre a publicidade na Paraíba, muita coisa ainda precisa ser dita. Com a palavra, Alberto Arcela.

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