Enrico Fubini, musicólogo italiano nascido em 1935, em seu livro Estética da Música, publicado em 2019, sustenta a tese: “O modo de sentir e fazer música se modifica ao longo da história” (2015, p. 16-17). Para o autor, a atividade do músico exige anos de aperfeiçoamento com o objetivo de adquirir a técnica precisa de interpretação, capaz de impactar o senso crítico e estimular a sensibilidade no comportamento humano.
Enrico Fubini
Academia de Belas Artes de Brera (Milão)
Academia de Belas Artes de Brera (Milão)
Outro filósofo grego que influenciou Fubini foi Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.). Em sua obra Poética, escrita entre 335 a.C. e 323 a.C., ele argumenta que todas as artes devem buscar a Beleza. Esses dois pensadores da Grécia Antiga trataram a arte como elemento essencial no processo de formação das virtudes éticas dos cidadãos, especialmente no domínio político. Na sociedade medieval, a noção de música estava centrada ao ensino de canções religiosas. Esse processo, vinculado ao desenvolvimento da linguagem escrita, desempenhava uma função determinante para que os documentos musicais daquela época expressassem uma intensa espiritualidade. Diante dessa historicidade, o musicólogo enfatiza que a música, assim como outras formas de arte, é impulsionada pelos conhecimentos, experiências e sentimentos singulares de cada artista, os quais expressam a diversidade e a complexidade da condição humana.
Deezer
Assim, desde os tempos antigos, há o aspecto subjetivo na música. Diante disso, essas sustentações são historicamente antagônicas: ou se reconhece um apelo emocional intrínseco à música, ou se defende a existência da obra como algo autônomo, independente de emoções. A articulação entre o musical e as emoções é analisada desde a Antiguidade e pode ser fundamentada na distinção entre as linguagens. Sob essa perspectiva, enquanto as palavras existem independentemente dos sentimentos, os sons os carregam em sua essência.
Vincenzo Galilei CC0
De forma contrária, Eduard Hanslick (1825–1904), escritor e crítico musical, em seu livro O Belo da Música, publicado em 1854, é citado por Fubini ao defender a ideia de que “a música é uma representação simbólica das emoções humanas. Isso significa que o material musical não contém sentimentos intrínsecos, mas simboliza, por meio de sua dinâmica, os movimentos emotivos do ouvinte” (2015, p. 130). Em oposição a isso, Susanne Langer (1895–1985), filósofa e escritora norte-americana, compara a linguagem discursiva à linguagem musical. Ela considera o elemento figurativo presente na música como uma forma de arte intraduzível. Dessa maneira, os efeitos do fenômeno musical podem ser compreendidos como resultados de expectativas particulares, visto que a interação com a música está associada à busca por sublimação emocional.
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