A psicanálise, desenvolvida pelo neurologista austríaco Sigmund Freud (1856–1939), é um método de investigação e tratamento para alterações psíquicas, estruturado nas pulsões da sexualidade. Essa teoria foi elaborada entre o final do século XIX e o ano de 1939. Fundamenta-se na tese de que o inconsciente é o mais determinante dos processos mentais, os quais influenciam diretamente o comportamento humano. A terapia psicanalítica ocorre por meio de uma relação de diálogo entre o paciente e o analista, cujo objetivo é identificar as causas dos sofrimentos psíquicos e das confusões de personalidade. Além disso, busca-se aliviar tensões emocionais e melhorar as relações interpessoais do indivíduo.
Os principais conceitos da psicanálise freudiana incluem: inconsciente – constituído por desejos e pulsões que podem gerar neuroses; transferência – fenômeno projetado pelo paciente por meio de sentimento, como amor ou ódio, no analista; sublimação - processo de canalização da libido (energia sexual) para objetos ou atividades de natureza não sexual, como a arte ou a religião; complexos - são associações psíquicas responsáveis por perturbações mentais. A origem da psicanálise, frequentemente associada ao desenvolvimento teórico e clínico de Freud, foi influenciada por elementos culturais e pela subjetividade humana presentes na literatura, filosofia e arte.
Estética vem do grego, aisthesis, que significa compreensão pelos sentidos. Trata-se de uma atividade filosófica que estuda a natureza da beleza, do gosto e a relação entre arte, cultura e natureza. Seu objeto é o belo, ou seja, a exposição sensível da ‘ideia’ nas obras de arte, por meio da qual se apresenta a contradição entre sujeito e objeto. Isso ocorre porque a obra de arte é a primeira conexão entre o que é exterior, sensível e passageiro, e o pensamento. A origem estética da psicanálise foi influenciada pelo Romantismo dos séculos XVIII e XIX, movimento que explorava o interior do sujeito, sua expressão emocional e a irracionalidade da psique humana.
Essa perspectiva enfatizava especulações subjetivas sobre o indizível ou o inacessível da consciência humana. Filósofos como os alemães Arthur Schopenhauer (1788–1860) e Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844–1900) analisaram a dinâmica dos impulsos internos, que atuam além da razão e da moralidade. Com isso, anteciparam a ideia de que a mente humana não é inteiramente acessível à razão consciente. Freud, em seus primeiros estudos, foi influenciado por essas discussões acerca do desejo, do sofrimento e da moralidade, conceitos essenciais em suas teorias psicanalíticas.
A arte, como forma de expressão do inconsciente, foi objeto de estudo para Freud, que analisava os sonhos e estabelecia analogias com a criação artística. O psicanalista via o processo artístico como um modo de realizar simbolicamente os desejos reprimidos, algo que ele descreveu no conceito de sublimação. Para o fundador da psicanálise, a arte explora o inconsciente. Ela permite a liberação de impulsos reprimidos de maneira socialmente aceitável. Por exemplo, literatura, música erudita e teatro, em sua busca por expressar conflitos psíquicos, refletem e, por vezes, antecipam conceitos psicanalíticos como repressão, desejo, culpa e catarse (liberação de tensões emocionais).
Artistas como o pintor norueguês Edvard Munch (1863–1944), precursor do impressionismo e expressionismo, refletem em sua famosa obra O Grito, pintada em 1893, estes temas: melancolia; ansiedade; desespero e uma dor indizível. Da mesma forma, o escritor tcheco Franz Kafka (1883–1924), em seus romances, aborda angústias existenciais e as torturas do inconsciente. Outro exemplo de grande importância é o filósofo e escritor russo Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski (1821–1881). Em seu clássico livro Memórias do Subsolo, publicado em 1864, Dostoiévski apresenta o monólogo de um homem amargurado, que vive num desespero subterrâneo, sem convivência social e sem encontrar sentido em sua própria existência. Essa obra influenciou decisivamente tanto o existencialismo quanto a psicanálise.
A psicanálise e a sublimação estão interligadas à estética. Freud descreveu a sublimação como o processo pelo qual as pulsões do inconsciente — frequentemente associadas à sexualidade ou à agressividade — são direcionadas para atividades artísticas, científicas ou para compulsão ao trabalho. Nesse sentido, há um mecanismo psíquico que funciona como um escape para as pulsões subconscientes. Um exemplo dessa relação é o movimento surrealista, surgido no início do século XX e liderado pelo poeta e escritor francês André Breton (1896–1966). Inspirado pela teoria freudiana, o surrealismo expressava interrupções dolorosas da mente humana e os aspectos do inconsciente por meio de imagens simbólicas. Essas imagens lembravam sonhos perturbadores e fragmentados, conflitos psíquicos insuportáveis e traumas coletivos e individuais, apresentando-os de forma intensa.