Breve Memória em Meus 60 Anos
E Planos Para o Futuro
Nascido dia Do presente Sentimento leve E delícia de ser (E é porquê também Tem dor Que é delícia De ser) Se tem saudades no varal E já sabemos do ocaso Há que recolhê-las Mas ainda não é findo o dia E se for dado O privilégio da noite Grudar o olhar na lua E navegar por entre as estrelas Saber não ser eterno É reconfortante Porque ao voltar ao espelho: O jovem morreu e começa a nascer o velho E o velho tem vida Alma de menino Malas lotadas de risos E dores Ainda de mãos dadas com a vida Ainda que a morte nos ronde Mergulharemos nas aventuras Enquanto houver amanhã Até que um fio de luz atravesse a nuvem Paire sobre nós Tinja os nossos cabelos E desloque nossa alma rumo ao horizonte
Nascido dia Do presente Sentimento leve E delícia de ser (E é porquê também Tem dor Que é delícia De ser) Se tem saudades no varal E já sabemos do ocaso Há que recolhê-las Mas ainda não é findo o dia E se for dado O privilégio da noite Grudar o olhar na lua E navegar por entre as estrelas Saber não ser eterno É reconfortante Porque ao voltar ao espelho: O jovem morreu e começa a nascer o velho E o velho tem vida Alma de menino Malas lotadas de risos E dores Ainda de mãos dadas com a vida Ainda que a morte nos ronde Mergulharemos nas aventuras Enquanto houver amanhã Até que um fio de luz atravesse a nuvem Paire sobre nós Tinja os nossos cabelos E desloque nossa alma rumo ao horizonte
Tenho à mão
A cor da nuvem
E abro-a vazia
Tenho pés de lodo
No lago
Que caminho
Camisa de vento
Calças de brisas
Sapatos de sol
Uso arco-íris
Como cinto
Quando sinto chuva
E a língua que falo
Diz de bichos
E insetos
Choro cachoeiras
Colho dias
Planto noites
Sou assim
Livre como um corpo
Em decomposiçã
De madrugada foge o sono
E o som do piano
Se espalha pela mente
Acionadas as teclas
As cordas bramem
Gemidos sólidos
E os monstros fogem
De suas celas
E ganham a amplidão
Na nuvem dependurado
Vem o pavor
Do abismo
O som em volta
Ergue-se como uma mão
A amparar-te
Soluças em sustenido
Danças valsas
Sob os lençóis
Dói a distância
Dos tempos e das coisas
E põe-te a contemplar o vazio
O silêncio se instaura
E nele escutas
A profundeza do blues
És a escultura
De um Deus
Mas já se apagaram os fogos em volta de ti.
Clamas finalmente
Por despertar
E estar de volta pra casa...