"Se pomos uma lente de aumento sobre a trágica condição humana, a vida fica mais dolorosa e sem razão. Prefiro achar o arco-íris desenhado na lágrima do que a lágrima me turvar a visão".
Estar entre os astros
É presente de quem tem
Os pés plantados na terra
Mãos se estendendo pelo ar
Em direção a outras pra se apertarem e produzirem
E a mente flutuando pelo universo
Já disse Djavan
"MOVER É UM DOM"
E incessantemente nos movemos
Com todo o universo
Daí morrer é mover o dom
Lua
Casas
Paraísos
Estrelas
Sóis
Poeira cósmica
Dizem que o homem é feito de pó de estrelas
Alguns de matéria luminosa Outros de poeira morta também delas Mas o que faz o homem mesmo, além Da terra, do Sol (uma estrela), e da água, É o espírito que o anima, e do ânima, As coisas que você faz sobre a terra Reconhecendo paradoxalmente O tamanho de sua insignificância no todo E também seu gigantismo ao mover o dom De criar e destruir Viva a criação E Deus não é uma entidade limitada Aos moldes humanos Ele é o conjunto de tudo que há Numa força imensurável E suas inarredáveis leis Deus é tão somente o universo Conosco dentro dele Somos a carne de Deus E como tudo se transforma no universo A que apodrece ele retira, devolve à terra E faz florescer juremas e orquídeas Cactos e tamarindos Asas, barbatanas e pés Todos com bocas e braços Que se auxiliam, e se comem. Deus não sabe de pecados Sabe de vidas que a outras devoram e são devoradas E das leis e da ética dessa convivência de vida e morte, porque ele também morre e revive na liturgia da alimentação.
O espírito não se livrará disso, porque na evolução ele estará sempre a buscar fora dele o que o alimente e mantenha rumo à evolução. Claro que nesse estágio, falamos de éter, luz, vibração, energia sublimada. Tudo, no fim, é a antropofagia de Deus produzindo a evolução, daí o sagrado também precisar do profano e de todas as formas de celebração de Deus que estão corretas e cabem nele.
Alguns de matéria luminosa Outros de poeira morta também delas Mas o que faz o homem mesmo, além Da terra, do Sol (uma estrela), e da água, É o espírito que o anima, e do ânima, As coisas que você faz sobre a terra Reconhecendo paradoxalmente O tamanho de sua insignificância no todo E também seu gigantismo ao mover o dom De criar e destruir Viva a criação E Deus não é uma entidade limitada Aos moldes humanos Ele é o conjunto de tudo que há Numa força imensurável E suas inarredáveis leis Deus é tão somente o universo Conosco dentro dele Somos a carne de Deus E como tudo se transforma no universo A que apodrece ele retira, devolve à terra E faz florescer juremas e orquídeas Cactos e tamarindos Asas, barbatanas e pés Todos com bocas e braços Que se auxiliam, e se comem. Deus não sabe de pecados Sabe de vidas que a outras devoram e são devoradas E das leis e da ética dessa convivência de vida e morte, porque ele também morre e revive na liturgia da alimentação.
Porque matamos a vaca e a galinha e o porco, entre outros, cultivamos e ceifamos o milho, o feijão, o arroz o trigo, e não sacrificamos nossos bichos de estimação? Mas, matamos, por outro lado, espécie que não comemos, só por medo, preconceito, instinto má, ou simples diversão?
Por que matamos a nós mesmos em escala tão gigante? Como disse Caetano, "somos o Lobo do Lobo do homem.",
Também temos a natureza demoníaca e em nós, o próprio bem pode ser mal nas marés das circunstâncias.
"Oh Pai, por que me abandonaste?": Fraqueza de Jesus? Não, o mal precisava mostrar sua cara e ser reconhecido pelo mais santos dos seres que pisaram a terra. Naquele momento, Deus não estava num trono, ou cadeira de diretor de teatro dirigindo aquele cena, ele estava no centro dela, ele era cruz, era os espinhos, as chibatadas, a permissão para existência dos homens do mal, ele era o mal com uma promessa de recompensa e santificação.
Deus não existe como imagem e semelhança nossa, isso foi nossa vaidade que criou. Deus não é um ser, é um estado circunstancial, quando os homem o deixam se manifestar naturalmente, sem alvoroço e sem enfraquecimento em nome dele. Ele não precisa de vela, porque é a própria luz e trevas (uma não existe sem a outra), quem precisa de velas são o fabricante e o vendedor.
Nossas relações com o sagrado raramente são para louvar e agradecer, todos têm um pedido, em qualquer culto. Será que se pedíssemos menos e fizéssemos mais, o milagre não aconteceria?
Que adianta pedir a Deus que dê pão aos famintos se nosso sistema social é quem produz a exclusão e o alimento que nos sobra é jogado no lixo? Não éramos nós que deveríamos fazer essa divisão?
Porque pedir paz a Deus se fazer guerra é uma decisão nossa?
Porque só encontramos trabalhos voluntários para socorrer os miseráveis, enquanto as igrejas arrecadam milhões para construir templos suntuosos?
Para mim esse Deus não existe, existe uma sociedade que se utiliza desse conceito para continuar dominando almas incautos.
Deus é uma ideia de perfeição que não cabe no mundo hipócrita das aparências. Quando o espiritismo kardecista adota a máxima "fora da caridade não há salvação ", compreendo que aí "caridade" não se refira a distribuição de migalhas que sobram, mas seja caminhar junto ao outro quando ele precisa de pão para o corpo ou para alma, e só deixá-lo quando ele realmente puder ir sozinho.
Ser bom, tolerante, buscar conhecimento, estar disposto a estender a mão, negar o mal, respeitar as limitações, os desejos, as escolhas do outro, desde que não prejudique quem quer que seja, deve ser o evangelho prático de cada um, de cada dia e de verdade, em essência, aí o mundo não precisará mais de governos nem de propriedades privadas, aí nós teremos o que precisamos para viver em paz e voltarmos à terra com orgulho, porque entenderemos que morrer não é uma dor de fim, mais de um novo parto para outra forma de vida.
A prova mais cabal de que a existência humana, por sua precariedade, finitude individual, incerteza do futuro, dependência de alimento e abrigo para sobreviver, faz com que ele necessite de um Deus que resolva todos os seus problemas, seja a imagem e semelhança dele, porque fica mais fácil que uma interlocução o consiga auxiliar em toda adversidade, em todas as sociedades humanas, das cavernas às grandes civilizações, quando eles criaram um, e quase todos com características diferentes, que refletem a cultura de quem os criou. Vide Jeová, Orolum, Krishna, os Deuses indígenas inspirados no sol e na lua, só pra citar alguns.
Atente-se para o detalhe de que a organização "política" do céu cristão é extremamente igual à antiga e medieval. Há um trono de ouro onde o Rei está sentado, arrodeado de vassalos para cumprirem suas ordens, a exemplo dos Reis medievais e antigos, ele também é o julgador e executor das sentenças. Enfim, o céu cristão é um reflexo das sociedades humanas e desenhado pelo clero que é quem tinha o poder.
Lembrando que um olhar crítico sobre a questão não significa ateísmo ou condenação da fé alheia. São apenas reflexões que têm por objetivo entendermos nossa disposição para a fé desprovida do fanatismo e da alienação.
Que fique claro, que a fé, sobretudo na vida e capacidade do auxílio do irmão considerando a nossa espiritualidade é de fundamental importância para nossa sensibilidade.
Não precisamos pedir a Deus nada, ele sabe de tudo. Nada mais egoísta do que: "Deus, proteja a mim, minha família e meus amigos!"
Não existem mais formas de vida sobre a terra, não? Eu e minha família estando bem e o resto da humanidade estando mal, eu vou estar bem?
É por essa visão que as ruas estão lotadas de miseráveis, e passamos por eles sem ver, porque nossa preocupação só limita a mim e minha família, no mais das vezes nuclear, o resto que se vire.
Temos sim, uma força que move o universo e a produção do movimento, nas condições climáticas ideais, brota vida! Deus é tudo isso, e não uma forma humana de barba branca sentado num trono de ouro, cheio de amor por um lado, mas de ódio por outro, daqueles que não fizerem o que ele quer. Rebaixou Lúcifer às trevas com medo de um golpe de Estado.
Tem mais um detalhe: o Deus cristão exige amor por ele, coisa que só um ser humano desequilibrado pode exigir. Não há nada mais livre que o amor, ele não existe por obrigação, é o Deus que eu amo, e o universo que não conheço, além da terra e que vejo no céu, mas eu o amo porque estou nele, e pela eternidade, como disse, a morte é somente a passagem para outro estado.
Deus vivo, infinito, é esse, que já era a força do big-bang e rompeu a cápsula do tempo, criando infinitas dimensões para que tudo envelheça e se renove. Ele também é o tempo, às vezes suave, às vezes inclemente.
A solidão do homem e seus desesperos, pela própria consciência de finitude e uma imensidão de promessas que as religiões fazem, como verdades absolutas, em troca muitas vezes de grana, nos embrutecem. Fazem a gente sentar-se à beira de uma estrada, perto de um formigueiro produzindo seu trabalho, sem perturbar ninguém, e esmigalhar algumas formigas com os pés, só pelo prazer de exercer nosso poder, acreditando que aquilo não foi mal nenhum, e que elas não significam nada. E não foi Deus que deixou que você fizesse isso. O aspecto de Deus chamado lei do retorno, um dia vai lhe cobrar aquilo e você paga nem que não queira.
Por fim, se os homens cuidassem mais uns dos outros e deixassem Deus ser o que é, nós teríamos ainda o Paraíso original aqui mesmo.
Nem foi a cobra, nem a maçã, nem Adão, nem Eva. Foi o umbigo humano.