Tenho lido aqui e acolá, em Face de poetas amigos, textos sobre críticas que estariam sendo feitas às críticas de Amador Ribeiro Neto a livros de poetas lançados ultimamente no país. Não vi essas críticas, mas me fio na conversa de amigos para saber que elas existiram, sim.
Por que elas existem? Ora, porque ninguém gosta de ter seu livro criticado. Afinal, todo mundo que publica se acha um gênio e se acha mesmo.
Amador achou meu primeiro livro de poesia uma bosta e o último muito bom. E mesmo ele achando meu primeiro livro uma bosta, fizemos uma amizade bacana que perdura até hoje. Porque nossa amizade e nosso respeito independem de predileções literárias.
Fazer crítica literária num mundo cheio de egos não é fácil. Cheguei a fazer algumas e parei. Justamente, porque os caras só querem elogios e para não perder amizades parei com isso. Por coincidência, parei depois que escrevi sobre um autor elogiado por Amador que não gostei. O garoto não gostou da minha crítica e até me excluiu do Face dele. Fazer o que? Só lamentar. Como não sou crítico, parei de fazê-las e hoje só escrevo sobre os livros que gosto.
Mas Amador, sim, é crítico. Qualificado e embasado teoricamente para expor suas opiniões. E tem que continuar com seu trabalho, a despeito daqueles que alimentam sua gula de auto-elogios com os pseudos amigos do Face.
Continue, Amador. A Poesia precisa de sua opinião, sim.
O querido Hildeberto Barbosa Filho fez um desabafo em sua página no Face, de que todo mundo se acha poeta – desembargador, jornalista, etc e coisa e tal.
Disse ele em seu desabafo:
“Pode ser confissão, testemunho, documento, memória, diletantismo. Poesia não é nada disso. O que mais me incomoda é que o sujeito não se contenta em ser um respeitável desembargador, um habilidoso jornalista, um competente advogado, um bem sucedido corretor de imóveis, um médico eficaz e humanitário, um engenheiro de cálculos indiscutíveis, um erudito professor de teoria literária etc. etc. etc. É como se a poesia fosse a cereja do bolo.”
E é, embora entenda Hildeberto, poeta e crítico com quem já travei duelos memoráveis nas páginas da imprensa paraibana, mas sempre em defesa da linguagem, da poesia.
Mas ele tem razão, porque poesia não é só juntar tomé com bebé, assim como escrever um romance não se resume a contar uma história. A linguagem deve preceder o poema e para que o poeta não se torne refém dela (da linguagem), precisa ter domínio do que escreve.
Ouso dizer que não existem poetas medíocres. Existe o poeta ou não existe. Os que são de fato poetas, você pode até não gostar do estilo, da temática, mas eles são.
Os outros, bem, os outros não são poetas.
E o que determina quem é poeta ou não? O poema feito por aquela pessoa.
Mas eles existem, os não-poetas, que são reconhecidos como poetas, principalmente aqui na terrinha, onde até quem escreve com erros de português entra em academias.
No mais, viva a poesia.