“A Paraíba vive historicamente seu melhor momento econômico, tendo as indústrias do turismo e da construção civil como molas propulsoras do verificado desenvolvimento. Esses dois segmentos se entrelaçam numa conjunção de fatores que os permitem traçar diversos cenários futuros. (...) Outros segmentos, como os de alimentos e bebidas, entretenimento, lazer, também se irmanam com a construção civil, numa simbiose permanente de geração de empregos, renda e qualidade de vida também para as classes menos assistidas de oportunidades. Há, por fim, a constatação de uma menor dependência da população em relação aos empregos públicos.”
E acentua:
“O instante de pujança econômica vivido atualmente a partir da região metropolitana de João Pessoa, assim como também no Brejo paraibano, vales do Sabugi e das Espinharas, Alto Sertão, etc, faz com que o mercado de hotelaria seja um dos mais importantes e atraentes enquanto segmento empresarial atrelado ao turismo.”
A citação sai longa, e mais que fosse, pelo ineditismo alvissareiro da “pujança econômica do instante vivido atualmente a partir da região metropolitana de João Pessoa” e mais regiões. Pujança econômica que não se atém apenas ao crescimento urbano e vertical da cidade, hoje, de norte a sul, costurando-se com seus antigos distritos. Mas pujança na geração de empregos, sobretudo no comércio e serviços, deixando para trás, como assinala o artigo, a caça ao emprego público.
Não é a primeira vez que Glauco e outros colunistas da página econômica atestam esse quadro. Por mais que a periferia continue avizinhada no contraste com as catedrais do consumo, atolada nas águas do mangue e dos rios que nos cercam, não há como negar a evidência de uma cidade inteiramente outra da que vivi, trinta e mais anos atrás, a elite comprando em Recife, a maioria vivendo do pagamento do funcionalismo, a Associação Comercial virando museu, construída que foi no único momento de pujança até então considerado, às custas do algodão exportado sem deixar o tributo devido.
Mudou realmente, e muito. A maioria dos meus anos de batente ocupados negativamente, ou seja, na tecla permanente da queixa, desde as oficiais ante o tratamento desigual do poder central aos do que tinham voz nos sindicatos. Hoje, graças a Deus, não há dia em que não seja anunciado um novo salto no PIB, uma nova obra, uma nova provisão de recursos e disponibilidade de mais crédito nacional e mesmo internacional. A Prefeitura, que sempre reclamava das rendas municipais, todo dia anuncia um projeto. Não vai ficar uma rua sem calçamento, anuncia o amigo Cícero, prioridade das prioridades para uma cidade de 800 mil habitantes com 456.700 veículos, um automóvel para cada 2 habitantes. Cidade cujo crescimento a fez mudar de visão: em 1971, ao noticiar a inauguração do Hotel Tambaú, veja-se o tom da manchete que abri em toda a largura da primeira página do jornal O Norte: “Podem vir que tem hotel”. Não tinha, pelo menos para hóspedes presidenciais: Castelo Branco e comitiva tiveram de se hospedar na residência de Adrião Pires, ponto alto da Epitácio.
Cidade que cresceu tanto, ganhou tantos atrativos, que poucos se advertem de que o Hotel Tambaú, construído para nos mostrar ao Brasil, hoje o escondemos por trás de um tapume.
*originalmente publicado em A União