O POETA É UMA ILHA O poeta é uma ilha naufragando em si mesmo. Constrói sua trilha no verso averso a atalhos e afeito aos ...

O poeta é uma ilha

poesia paraibana leo barbosa
 
 
O POETA É UMA ILHA
O poeta é uma ilha naufragando em si mesmo. Constrói sua trilha no verso averso a atalhos e afeito aos obstáculos da palavra. O poeta se sabota e agora enxerga sua poesia como uma maldição que o desnorteia. Melhor ser insensível? Ninguém está imune ao mundo, mas o poeta é um contagiado, alguém que potencializa a dor para compor seus dramas. Por trás da pele das palavras, há um tecido chamado esperança. Por um fio, o poeta não morre.


MULTI-LADOS
Estou privado de mim porque o medo me assola e me deixa sozinho em um quarto. Em um quarto. Como em um cativeiro me privo de viver uma realidade tão latente em mim. Sou combatente e vivo neste dilema: eu me venço ou eu me perco? Olho nos olhos e o que legitimo? O que intimido? Não há comando no esquecimento e a identidade se perdeu nas várias vezes em que registrei o absurdo de me sequestrar e não saber o valor do resgate. Em multi-lados escombros uma guerra fria se combate. Quem são as vítimas? O valor simbólico está em negar o ócio, quando ausente de mim recompuser todos os versos já escritos no mundo.


FECHADA PARA O MUNDO
Havia esse ritual de pôr a mesa na esperança de congregarmos o pão. Mas a mãe não se sentava à mesa, porque não sabia segurar os talheres. Comia com a boca aberta e se fechava para o mundo.
* Poemas de “Molduras”, editora Penalux, 2019.


COMENTE, VIA FACEBOOK
COMENTE, VIA GOOGLE
  1. Eis o poeta em ação. Apreciei os três poemas. Senti verdade em todos eles. Mas gostei particularmente do terceiro. Essa mãe me tocou. Leitor tem dessas coisas. Parabéns, Leo. Francisco Gil Messias.

    ResponderExcluir

leia também