O POETA É UMA ILHA
O poeta é uma ilha naufragando em si mesmo. Constrói sua trilha no verso averso a atalhos e afeito aos obstáculos da palavra. O poeta se sabota e agora enxerga sua poesia como uma maldição que o desnorteia. Melhor ser insensível? Ninguém está imune ao mundo, mas o poeta é um contagiado, alguém que potencializa a dor para compor seus dramas. Por trás da pele das palavras, há um tecido chamado esperança. Por um fio, o poeta não morre.
O poeta é uma ilha naufragando em si mesmo. Constrói sua trilha no verso averso a atalhos e afeito aos obstáculos da palavra. O poeta se sabota e agora enxerga sua poesia como uma maldição que o desnorteia. Melhor ser insensível? Ninguém está imune ao mundo, mas o poeta é um contagiado, alguém que potencializa a dor para compor seus dramas. Por trás da pele das palavras, há um tecido chamado esperança. Por um fio, o poeta não morre.
MULTI-LADOS
Estou privado de mim porque o medo me assola e me deixa sozinho em um quarto. Em um quarto. Como em um cativeiro me privo de viver uma realidade tão latente em mim. Sou combatente e vivo neste dilema: eu me venço ou eu me perco? Olho nos olhos e o que legitimo? O que intimido? Não há comando no esquecimento e a identidade se perdeu nas várias vezes em que registrei o absurdo de me sequestrar e não saber o valor do resgate. Em multi-lados escombros uma guerra fria se combate. Quem são as vítimas? O valor simbólico está em negar o ócio, quando ausente de mim recompuser todos os versos já escritos no mundo.
Estou privado de mim porque o medo me assola e me deixa sozinho em um quarto. Em um quarto. Como em um cativeiro me privo de viver uma realidade tão latente em mim. Sou combatente e vivo neste dilema: eu me venço ou eu me perco? Olho nos olhos e o que legitimo? O que intimido? Não há comando no esquecimento e a identidade se perdeu nas várias vezes em que registrei o absurdo de me sequestrar e não saber o valor do resgate. Em multi-lados escombros uma guerra fria se combate. Quem são as vítimas? O valor simbólico está em negar o ócio, quando ausente de mim recompuser todos os versos já escritos no mundo.
FECHADA PARA O MUNDO
Havia esse ritual de pôr a mesa na esperança de congregarmos o pão. Mas a mãe não se sentava à mesa, porque não sabia segurar os talheres. Comia com a boca aberta e se fechava para o mundo.
Havia esse ritual de pôr a mesa na esperança de congregarmos o pão. Mas a mãe não se sentava à mesa, porque não sabia segurar os talheres. Comia com a boca aberta e se fechava para o mundo.
* Poemas de “Molduras”, editora Penalux, 2019.