Sou aficionado pela mitologia grega. Não é coincidência a sua importância na arte e na ciência. O mito estimula a capacidade de abstração e, via de consequência, o pensamento especulativo. Para mim, Freud é o gênio maior da especulação ao criar a Psicanálise.
Outros cientistas vislumbraram os círculos imaginários, fato que proporciona um maior e mais preciso conhecimento da superfície da terra.
Nas artes, a antiguidade grega elege a deusa Polímnia como inspiradora da música e da poesia. Nesse sentido, muito me sensibilizou o poema de Germano Romero — um dos melhores arquitetos do país, denominado “Um aceno de euforia”, publicado recentemente, no consagrado Portal Carlos Romero, referência maior da intelectualidade paraibana.
Homem sensível, de fino trato e extremamente culto, Germano Romero é um virtuose na música. Tem uma prosa agradável caracterizada por rara fluidez da linguagem.
Desta feita, revela os seus pendores poéticos, de forma auspiciosa, incursionando nas regiões abissais da subjetividade humana.
Às vezes fico a imaginar que a agradável e reverente figura de Germano não é real. É uma pessoa tão humana que, sem exagero, desperta-me um sentimento de veneração.
Daí não me surpreender o seu pendor poético que se transmuta numa espécie de resgate de uma sensibilidade perdida nos algoritmos da sociedade de informação.
Em sua obra – seja na Arquitetura, na Música, nos Ensaios e, agora, na Poesia –, revela um espírito inquieto diante de uma sociedade que, através de GPS e de aplicativos, encontra a direção e a solução (!?) para os múltiplos problemas físicos, em detrimento do caminho espiritual para a vida e para o encontro consigo mesmo. É um libelo contra a perda de um ser aniquilado pela técnica.