Amor violado De repente o amor enlouqueceu correu para os braços do mundo, em uivos de paixão se contorceu, Se contorceu...

Dorme, flor da praia

milfa araujo poesia paraibana estrela mar
 
 
 
Amor violado
De repente o amor enlouqueceu correu para os braços do mundo, em uivos de paixão se contorceu, Se contorceu feito lobo, acossado, massacrado, até quase morrer. Foi sim O amor endoideceu e nem se reconhece no meu sono quando abúlica deixou-me para fugir de mim, se perdeu. Mas vê-lo assim escarnecido o rosto no chão o perfume espargido, como dói… Refazer fio a fio o tecido rasgado restaurar o poder do Talismã os dias supremos da virgem manhã como dói… amar o amor violado.


Canção no escuro
Pronto! Deponho as armas e assinem um acordo de paz. Estou partindo. Aliás, partida no limiar da ida e da chegada. Conserta a sinfonia inacabada guardando o silêncio e atravessando o inferno de um falso verão em pleno inverno. Cigarra irrecuperável, vencida. Valeu a pena? Valeu! Pretérito perfeito que o tempo arrastou. Assim, sem mais nem menos futuro, a vida passou. Como o se inevitável da canção no escuro.


Canção do último sonho
Dorme, estrela das águas. O sol da manhã te espia em soluços sobre o balanço verde e azul. Nenhum menino te pescará de novo mergulhando em teus segredos. A lua nos teus olhos não mais brilhará. Lavada dos prantos do mar dorme, flor da praia, lírio lívido de tanto amar. Velam-te conchas e pedras sobre o leito de rendas num último abraço. Como na profecia teu destino se crismou. Talhada em melancolia, teu rastro virou estátua de sal e de sargaço.


Cartas
De júbilo não foi a fuga inesperada. Havia cerração se preparando e uma vontade já delineada. A vida se apagava. O corpo hirto e uma adaga em fúria se enterrando no destino de um Deus. Depois, todo silêncio fez-se grito Todos os nós enfim se desatando sobre a palavra adeus.

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