Aperreio de verdade era acordar para levar o filho recém-nascido ao pediatra pela madrugada, conseguir que o médico acordasse para atender, torcer para ser uma doença daquelas que era suficiente o remédio para curar e achar uma farmácia de plantão que dispusesse em estoque do tal remédio. Só aí já eram 4 possibilidades difíceis de concretizar numa João Pessoa que não dispunha de quase nenhum recurso na área. À noite o que funcionava era o único pronto socorro da capital onde evidentemente não existia nenhum pediatra de plantão. E as farmácias? Que eu me lembre, aqui havia a farmácia Padre Zé na 1.817 que funcionava 24 horas.
Aperreio de verdade era descobrir na praia do poço, provavelmente no bar de Onaldo, que sua criança era alérgica a crustáceos depois de experimentar pela primeira vez um prato de camarões. Você assistindo a agonia do pobre coitado querendo respirar sem poder, a estrada de Cabedelo para João Pessoa tornando-se subitamente bem mais comprida do que já era, a inexistência dos aparelhos celulares forçando bater em vários hospitais até encontrar finalmente quem socorresse o pirralho e enfim o alívio de ouvir sua respiração regular.
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No dia seguinte meus pais tomaram uma providência drástica, bem típica deles. Ao invés de me proibirem dos amores noturnos me presentearam com o primeiro automóvel Puma que chegou em João Pessoa. Pronto, agora eu seria inconfundível.
E feliz, né?