A primeira vinculação que vi entre pintura-e-escultura com a literatura, foi ao ler a "História da Arte", de Sheldon Cheney...

Vinculação entre pintura-e-escultura e a literatura

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A primeira vinculação que vi entre pintura-e-escultura com a literatura, foi ao ler a "História da Arte", de Sheldon Cheney, tradução de Sérgio Millet, que comprei logo que tive meu primeiro emprego, aos 15 anos. Descobri-a cheia de frases como estas:

▪️ "... transparência da cor velada por harmonias de cinza, prata e pérola... " ▪️ ".. de um verde pálido ou triste, azuis frios, amarelo-limão ou ocre, vermelho de vinho ... " ▪️ "... afinava as mãos até que se tornassem sensíveis indicadores da emoção e do caráter."
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Por isso entendi quando Hemingway disse frequentar os museus do Prado e o Louvre "para aprender a escrever". Como eu não tinha esse luxo, nem tempo disponível - como Jorge Amado - para sair pelas ruas da cidade fazendo anotações, meus livros sobre Arte ou de grandes fotógrafos foram minhas fontes.

Exemplo:

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Quando escrevia o romance épico "A Canga", em 74, houve um momento, próximo do desfecho, em que precisei fazer com que o leitor se impressionasse com a transformação de Zé - de camponês apagado a terrível personagem pronto para a batalha final. E lá estava, entre centenas de minhas anotações, a descrição que fizera do "Monumento Colleoni", de Verrocchio, o das fotos, que transferi como pude para o meu personagem:

"A tropa aclamou, numa euforia grotesca, o ressurgimento de Zé, que lhes apareceu como um grande sobre a montanha. Ele estava rijo e marcial da cabeça ao casco, a cara macha e arrasadora. O corpo em pé nos estribos. As veias e artérias do rosto de seu animal túrgidas na dilatação fogosa. Zé parecia um bicho: na rabisqueira das rugas e no encaroçado da ossama. No esbugalhado dos olhos. Na touceira de cabelos de sua cabeça. Nas grotas peludas nas ouças e, na frente, nas das ventas, Zé se movendo com uma força emperrada, todo aparafusado numa dinâmica de massacre."

Os originais do livro foram os vencedores "por unanimidade" do Prêmio Fernando Chinaglia - segundo a poeta Stella Leonardos ( que fizera parte da comissão julgadora ) - mas escanteados para uma menção honrosa "por causa da ditadura, já
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WJ Solha em A Canga
Acervo do autor
que o romance vencedor seria publicado pela Record" - daí a vitória da outra obra com que eu concorria - "Israel Rêmora".

Marcus Vilar teve o curta "A Canga" - que dirigiu - bastante premiado. Recebi em seu nome o de melhor direção no Festival de Cinema Brasileiro em Miami, em 2001, na mesma noite em que ele recebia o de melhor filme no Festival Internacional do Meio Ambiente, em Goiânia, Goiás. Seu filme, em que fiz o papel do velho camponês pai de Zé - nós o roteirzamos a partir da peça que eu escrevera e montara em Pombal, em 1969. O romance eu o desenvolvi quando já vivia em João Pessoa. O grande objetivo de Marcus, agora, é levar à telona a história completa - que desenvolvi a partir da luta de Padre Cícero e do deputado Floro Bartolomeu para tomar do governo as minas de prata da Serra de Coxá, propriedade da Igreja, escaramuça feroz que transferi para a Pedra Micaela, de Pombal.

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