Já é hora de dormir,
Não espere mamãe mandar.
Um bom sono pra você
E um alegre despertar
Jingle dos Cobertores Parahyba, décadas de 1960-70
Jingle dos Cobertores Parahyba, décadas de 1960-70
Fundada em 1925, a Tecelagem Parahyba foi durante décadas a principal indústria de São José dos Campos. Eram famosos seus cobertores e suas mantas, artigos que não faltavam em casas plantadas onde fizesse frio nesse Brasil afora. Durante muito tempo, tocada, ao que me consta, por Olivo Gomes, a Tecelagem, como era conhecida pelos joseenses, foi um sucesso empresarial. Não só isso, havia ali uma relação incomum para aqueles tempos entre o capital e o trabalho. Foram construídas duas vilas para abrigar as famílias dos tecelões. Como renda extra, os arremates nessas mantas eram feitos nas residências dos funcionários. Parte da família empenhava-se nessa tarefa devidamente remunerada.
Tecelagem Parahyba, S. José dos Campos, 1930s ▪ YTube
Grupo Escolar Tecelagem Parahyba, 1950s / 1960s ▪ Imagens: Ex-Alunos e Professores do GETP
Imaginem uma escola, no caso privada e gratuita, que antes do início das aulas fornecia uma refeição aos alunos e um lanche no recreio das dez horas.
Anexa à fabrica, ficava a fazenda Santana do Rio Abaixo, que parece-me vinha dos tempos coloniais, uma propriedade imensa que ia da indústria em questão às margens do Paraíba. A escola ficava estava plantada nessa fazenda, no caminho entre a vila dos funcionários e a fábrica.Grupo Escolar Tecelagem Parahyba, 1950s / 1960s ▪ Fonte: Ex-Alunos e Professores do GETP
Residência de Olivo Gomes, no Parque Burle Marx, S.J dos Campos ▪ Fonte: FamilySearch + Wikimedia
Mas a vida, sabem como é, sem mais e nem menos, essas lembranças vieram-me à tona graças a um outro Clemente, não mais o Gomes, mas o Rosas. Explico.Membro que sou do Conselho Editorial da Editora A União, chegou-me às mãos, dias atrás, um livro para que eu desse meu parecer. Tratava-se de uma obra, ainda sem um título definido, de menos de cem páginas, um opúsculo, como se diz no jargão editorial. Reunia uma série de ensaios acerca de literatura e outras demandas próximas a essas coisas das letras.
Clemente Rosas, poeta e escritor
Mas esse Clemente é um danado; pois, atravessa a vau o que para mim parece um curso caudaloso a exigir-me braçadas que nem sei se disponho de vigor para tanto. Faltou-me logo uma certeza, a de que se o analisador estaria à altura do analisado. Creio que não. Mas o dever de ofício obrigou-me a essas ousadias.
Se for dos meus pares do Conselho a mesma opinião que vou carimbar ao meu parecer, teremos brevemente nas livrarias uma obra consistente para a qual vale a pena debruçarmos nossa atenção. Eu já o fiz, lendo em estado original esse outro Clemente, o daqui e não o de lá. Recomendo.