Meu pai nos ditava uma lição quando éramos crianças: "Assim que completarem 7 anos, contarei a vocês o segredo da vida, que foi repassado por gerações à nossa família".
Quando cheguei ao 7 anos, acordei meu pai todo ansioso para saber o segredo da vida. Ele disse: "Filho, a vida começa aos 14, mas, por obséquio, não conte isso para ninguém. Parte do segredo só se revela daqui a 7 anos".
"Sim, agradáveis e desagradáveis.
Você tem que se esforçar em cada fase. Precisa esperar depois de completar 21, ir ao campo, ver a beleza da natureza e dar valor ao silêncio em contramão das agonias do trabalho na cidade grande! Essa é mais uma parte segredo da vida. Aos 28 anos verá a magia acontecer sem você pedir.
Existe uma emoção que toma conta de nós a cada fase do segredo. Eu mesmo me vi completo aos 35. Era o auge da maturidade. Nada é por acaso...
A felicidade está nas coisas simples, ou melhor, não está em coisas (nem é tão simples assim defini-la), mas está em se sentir bem aos 42. A ausência de esforço gera frustrações aos humanos de 49 anos. Eles se revoltam contra amigos, parentes, gente que deu mais certo que eles.
O suor do rosto muda aos 56. Começam medos inoportunos e fantasias ressurgem do anonimato. Aí você terá consciência do tanto de experiências que acumulou, pois começam a ir embora de sua vida alguns entes queridos, novos, contemporâneos ou mais idosos.
Aos 63 já começamos a filtrar assuntos, lugares e amigos...
Com 70 no lombo, meu avô me contou que sentiu alegria e contentamento, mas somente devido a certos freios e previdências no passado.
Aos 77 ele partiu, ainda cheio de sonhos e cheio de partes do segredo a contar, porém nos deixou uma carta pedindo para nunca confiar no número 7, que era conta de mentiroso".