A numerologia (ilm al-huruf , ciência das letras) é uma disciplina que remonta aos antigos alquimistas árabes, para quem cada númer...

Numerologia e Mística Árabe

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A numerologia (ilm al-huruf, ciência das letras) é uma disciplina que remonta aos antigos alquimistas árabes, para quem cada número seria a materialização de uma ideia ou de uma emoção. Esse processo místico de interpretação dos algarismos — com correspondente analogia espiritual do encontro metafísico entre o divino e o humano e do eterno com o temporal — chegou até aos dias de hoje.

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Para esses exegetas, tudo começa no algarismo 1 (al-uahid), correspondente a Deus, al-Fard (O Ímpar), à Sua singularidade, retidão (al-qauan), verticalidade (al-qaim), virilidade (al-muntasiban), equilíbrio (al-mu’tadilan), o incognoscível (al-malakut) e o cognoscível (al-mulk), Destino e Tempo.

A alma é simbolizada pelo algarismo 3 (at-talata), associado aos três níveis do Conhecimento (al-’aqil ua al-ma’qul ua al-’aql: o conhecedor, o que é conhecido e o conhecimento). É ainda o expoente do universo físico (cabeça, tronco e membros).

O 4 (al-arba’a) representa a matéria e o equilíbrio entre as coisas criadas e os elementos Terra-Ar-Fogo-Água. Também lhe correspondem as estações do ano (al-fusul ou al-fusul al-arbaa): Inverno (fasl ash-shita), Primavera (fasl ar-rabi’), Verão (saif) e Outono (kharif).

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O 5 (al-khams) consubstancia os cinco sentidos, as cinco obrigações canónicas ou pilares (al-arkan al-khams) da fé islâmica: a Profissão de Fé (e a crença em Deus, nos Profetas, nas Sagradas Escrituras, nos Anjos, na Predestinação, na Ressurreição e no Juízo Final), a Oração (as-salat); o Jejum (as-siiam), a esmola (az-zakat e as-sadaqat) e a Peregrinação (al-hajj) a Makkah al-mukarramah (Meca, a resplandecente). Cinco são também as orações diárias prescritas no islão: al-fajr’ ou as-subh (alvorada), az-zuhr (meio-dia), al-‘asr (tarde), al-maghrib (pôr-do-sol) e al-‘isha (noite).

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A este algarismo estão ainda vinculados os cinco dedos de cada mão — cada qual associado foneticamente ao nome Allah (Deus): o mindinho (al-khansar), o anelar (al-bansar), o médio (al-ustani), o indicador (as-sabbaba) e o polegar (al-abham).

Cinco são os produtos naturais da terra evocados pelo Alcorão, graças às suas propriedades profiláticas inconcussas: os legumes (al-bakliha), os pepinos (al-qittaiha), o alho (al-fumiha), as lentilhas (al-‘adassiha) e as cebolas (al-bassaliha).

O raciocínio do juramento de fidelidade divina (al-uujud mutlaq) está inerente ao número 7 (as-sab’), algarismo de origem babilónica, manifestamente representativo dos sete céus (as-sab ‘samauati) evocados pelo Alcorão — sendo que o terceiro, o as-saqura, o quarto, o al-haqura, e o sétimo, al-ghurfa detêm a primazia —, das sete terras, dos sete mares e das sete divisões do Inferno (cada qual com sete portas), conhecido por incoercíveis epitáfios, reduto final de sofrimento e tortura (al-‘adab), fogo (an-nar), fornalha (al-jahim) e incêndio (al-hariq).

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As crónicas coligidas das tradições do profeta Maomé relatam que este terá possuído na sua colecção sete sabres e logrado sete cavalos: Sakb, Murtadjiz, Lizaz, La’hif, Zharib, Ward e, um outro, de nome Ya’sub. Sete são os dias da semana (al-usbu’ ou al-ayyam Allah, os sete dias de Deus): al-jumu’a (sexta-feira, o dia sagrado no Islão), as-sabt (sábado), al-ahad (domingo), al-itnain (segunda-feira), at-tulata (terça-feira), al-‘arbi’a (quarta-feira) e al-khamis (quinta-feira).

De entre os sinais precursores da natureza, o vento (ar-rih (plural: al-ariyah) — também conhecido no Sahara ocidental e na Mauritânia por sulaiman) — é um dos ambientes naturais com suasiva carga simbólica, associada ao algarismo 8 (at-taman), dos oito principais pontos cardeais.

Doze (itna’ashar) terá sido o número de mulheres desposadas pelo profeta Maomé: Khadija, Sudiah, ‘Aisha, Hafsah, Zaynab, Umm Salamih, Zaynab, Juayriah, Safiab, Umm Habibah, Maria e Maymunah.

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Doze são os meses do calendário religioso muçulmano: muharram (literalmente “o Sagrado”), safar ou safar al-khair (Felicidade), rabi al-auual, rabi at-thani, jmad’al-auual, jamad’at-thani, rajab, shaaban, ramadan (explicitamente “fogo do Céu”, consignado no Alcorão como a “Noite do Destino”, laila’t-al-qadr (ou a “Noite de Majestade”, ou seja, a noite da sexta-feira que precedeu o dia em que o profeta Maomé recebeu a primeira grande revelação), shaual, zu-al qaadah e zu-alhijjah.

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Para os devotos sufis, o algarismo 28 (at-tamania ‘ishrun) corresponde às vinte e oito casas da lua e às vinte e oito vértebras do corpo humano. O 70 (as-sab’un) está consagrado à fonte do intelecto. O 90 (at-tis’un) representa a sinceridade e a verdade. O 300 (at-talat mi’a), a gnose. O 400 (al-arba’ mi’a), o êxtase e a descoberta de Deus (at-thauba). O 500 (al-khams mi’a; letra tha do alfabeto árabe, ou alifba) simboliza a consolidação (at-thubut) do Homem com o seu Criador.

O algarismo 600 (as-sitt mi’a) (associado à letra kha) simboliza o “Bem Eterno” (al-khayr da’im). O 700 (as-sab’ mi’a, equivalente à letra zal do alfabeto) representa o valor místico das ideias nobres. A essência do número 1000 (alf, letra ghain) é o mistério absoluto e insondável:

“(...) os justos, os santos e os sábios receberão os meus livros para se regozijar com a Verdade (...) Acreditarão neles e regozijar-se-ão e todos os justos jubilarão de aprender neles todos os caminhos da Verdade (...)”
Rolos de Qumran, Livro de Henoc
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UM CERTO ORIENTE
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O autor convida os leitores a acompanhar seu programa semanal Um Certo Oriente, com músicas e temas orientais, transmitido nas seguintes emissoras e horários, via internet:
Telefonia da Amadora ▪ DOMINGOS ▪ 21h às 22h (Portugal).
Rádio Alta Tensão ▪ SEGUNDAS ▪ 19h às 20h (Portugal).
Rádio Alcobaça ▪ QUINTAS ▪ 11h às 12h (Portugal).
Rádio Surpresa ▪ SÁBADOS ▪ 8h às 9h (Portugal).
Rádio Antena Mais ▪ SÁBADOS ▪ 15h às 16h (Portugal). ▪ 16h às 17 (Luxemburgo)
Rádio Via Aberta ▪ DOMINGOS ▪ 3h às 4h (Portugal).
OBS.: No Brasil, a emissão ocorre quatro a horas a menos em relação ao horário de Portugal.

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