A vida é um constante fluir de escolhas, cada uma das quais trazendo depois o fruto da semente que plantamos. Nossas decisões esculpem nosso destino, influenciando também na vida daqueles que convivem conosco e do mundo a nossa volta. É necessário entender quem somos, o que nos motiva e onde pretendemos chegar, antes de cada ação.
Para evitar embates e problemas desnecessários, devemos aprender a nos desapegar das expectativas rígidas sobre como as pessoas e as circunstâncias deveriam ser, segundo o nosso próprio julgamento. Só podemos controlar aquilo que decidimos nos tornar, fazendo o melhor que pudermos pelos outros, sem sufocá-los. Espernear contra o que não podemos modificar e que está além do nosso controle, dissipa energias que deveriam ser usadas naquilo que podemos mudar: nossas atitudes e reações.
Epiteto ensinava que nosso foco não deve estar no que acontece conosco, mas sim em como reagimos ao que ocorre com a gente. Quando paramos de dar socos no ar, lutando contra circunstâncias aleatórias, e passamos a cultivar a resiliência, encontramos a paz interior e evitamos brigas desnecessárias. Em discussões, o melhor sempre é nunca tentar se defender de acusações, seja atacando de volta ou fazendo apontamentos auto laudatórios. O silêncio é a melhor defesa da consciência tranquila. Quando concordamos imediatamente com os acusadores, eles procuram outro adversário para provocar.
Quando somos motivados pelo amor, pela paz e pela sabedoria, os resultados de nossas ações podem beneficiar a todos, e também a nós mesmo, pois sempre temos o que damos, assim como somos aquilo que fazemos.
O amor, a empatia e o perdão são antídotos poderosos contra conflitos desnecessários. Dar a outra face e seguir adiante é um exercício de coragem e fé, e não de capitulação. Quando escolhemos o caminho da compreensão, criamos as condições para reconciliação e evitamos que pequenos desentendimentos se tornem grandes feridas, fazendo sempre tudo o que estiver ao nosso alcance para ter paz com os outros, como sugeriu o apóstolo Paulo em Romanos 12:18.
As coisas não nos pertencem, nem as pessoas. A vida é um privilégio concedido por Deus, no curso da qual devemos ser os mais úteis e inofensivos que pudermos. Desfrutar do convívio com os outros, sem tentar sequestrar afetos, é o que torna a nossa presença desejável. Não devemos ser constrangimento para ninguém que não deseje de fato estar ao nosso lado. Apenas compomos provisoriamente uma paisagem que se altera sempre. Logo não estaremos mais aqui. Somos viajantes em trânsito para outros endereços nos quais somos esperados. Por onde passamos, podemos nos esforçar ao máximo para, pelo menos, não deixar resíduos de dor e de ressentimento.
A sabedoria africana nos recorda que cada um de nós só é porque todos somos juntos. É o conceito de Ubuntu, que ressalta a conexão existente entre todas as pessoas e a importância de se agir com respeito, empatia e solidariedade. Quando vemos os outros como partes de nós mesmos, tornamo-nos mais cuidadosos, compassivos e menos propensos a violência.
O bem que desejamos para nós mesmos nunca deve ser superior ao que pretendemos para os outros. Ao procurar viver de forma mais responsável e consequente, cada um se torna o artífice da paz e o criador da harmonia em si mesmo e nos ambientes que frequenta. O mundo não foi feito apenas somente para nós, os outros também estão aqui.