Aos meus treze anos quando estudava o panteão greco-romano, através de um pequeno dicionário de minha mãe, para brincar de oráculo, achava interessante ler sobre os deuses gregos e os da mitologia romana.
Interessante que erroneamente se acredita que o panteão romano é pura cópia do grego e menos rico. A verdade é que a proximidade entre a península itálica e o país grego seria, na minha opinião, a maior responsável pelas figuras idênticas dos principais deuses do panteão.
Outrossim, quando estudamos os demais panteões de outros povos, fica fácil perceber a semelhança entre os arquétipos de seus Deuses, produto mais da projeção coletiva e inconsciente de um povo que encontra similaridades com outros.
Mas o que desperta atenção sobre o panteão romano é a existência de Deuses “menores” e menos conhecidos, capazes de representar categorias excluídas da sociedade como os ladrões, no caso da Deusa Laverna.
Menos conhecida é a Deusa Volúpia, cuja descrição é belíssima e cujo nome já diz qual o seu domínio. A inveja é mais que um sentimento ruim de quem a traz, e chega a ser simplória esta qualificação do invejoso, uma vez que a inveja é inerente a todos aqueles que convivem numa sociedade competitiva onde os sentimentos de inadequação e inferioridade são estimulados para se consumir mais. Seja consumir roupas, a fórmula da beleza, do poder ou consumir pessoas através de uma sexualidade cada vez mais vazia.
Os romanos, segundo Nietzsche, inclusive viam na inveja um sentimento positivo que estimulava justamente a concorrência e superação de si mesmo tendo o outro como parâmetro. Sempre o outro como espelho.
E quantas vezes nos vimos projetados nos outros, seja através de um sonho em que sonhávamos brigando com um irmão, seja em épocas passadas em que toda uma sociedade projetava seu lado feio e não-aceito em determinadas pessoas, promovendo assim a caça às bruxas? E sempre criticamos o invejoso como algo estranho a nós, o que também não deixa de ser uma projeção e não-aceitação de nós mesmos.