A zona campestre da Bretanha tem charme muito especial. Casinhas de pedra, cercadas de canteiros e jardins, dispostas em ruas sinuosas, entremeadas aqui e acolá por bosques frondosos, formam paisagens cativantes que devem ser usufruídas com calma, seja de carro, de bicicleta, ou mesmo caminhando sem pressa.
Por ruas simpáticas e sossegadas, típicas das provincianas cidades do interior, percebe-se o romantismo mesclado à antiguidade em contagiante harmonia. Tudo bem cuidado e no seu devido lugar complementa a rústica singularidade desta parte do território francês.
Bretanha (França) / Germano Romero Acervo do autor
Em Carnac, por exemplo, poderíamos dizer que a antiga história de alguns milênios se escreveu em pedra e de pedra se fez a cidade, com toda sua poesia. Como se a pesada carga de romance que envolve suas origens florescesse da própria terra, nos encantadores e paisagísticos arredores.
Apesar de constituída primordialmente de blocos de granito e calcário, a arquitetura de Carnac se complementa com paisagismo beneficiado tanto pelo relevo, pela farta vegetação, pouca densidade imobiliária, assim como pelas famosas coleções megalíticas conhecidas como “alinhamentos”.
Carnac (França) / Carlos Romero Acervo do autor
São vários parques com menires de vários tamanhos, curiosa e paralelamente enfileirados, a compor um cenário místico que há séculos impacta turistas que para lá são atraídos e se impressionam com a peculiaridade do local. Além do fato demonstrar que houve notoriamente um árduo e gigantesco trabalho para assim dispor aquelas enormes pedras, considerando-se o arcaico suporte tecnológico da época em que se formaram, o fenômeno continua a provocar pesquisadores do mundo inteiro. Toda esta robustez e amplitude visionária contrapõem-se e se complementam harmoniosamente com a leveza do desenho das portas e janelas, prioritariamente brancas, dos chalés e demais edificações em toda a cidade e seus recantos, seja no centro ou na periferia, que é ainda mais bonita. Sem falar no bucolismo dos jardins e canteiros, carinhosa e cuidadosamente plantados à margem das casas, nas praças, nas bordas de estradas e rodovias, e nos parapeitos das graciosas fachadas. E todo o clima celta, típico da Bretanha antiga, paira no ar, ao aroma da terra onde se inventaram os crepes.
Carnac (Bretanha, França) Acervo do autor
Ali reina, além da paz, o mistério que envolve todo o sítio na mais pura tranquilidade, visitado por gente do mundo inteiro. Vimos um disposto casal de idosos, aliás, bastante idosos, ambos de cadeira de rodas movidas por engrenagem eletrônica. Por gentileza, após cumprimentá-los, perguntamos se queriam que tirássemos fotos deles, ao que responderam: “Não, não costumamos fotografar nada, preferimos levar na lembrança”. Então nos lembramos da frase lida no cartaz com uma advertência dirigida aos turistas que gostam de levar pedrinhas, plantinhas, e outras coisas dos locais que visitam, além de deixarem suas
“marcas”, inscrições e até mesmo resíduos: “Daqui só leve
lembranças e deixe apenas pisadas”. Foi o que deixamos.