Você entra no Instagram e tem todo tipo de postagem e propaganda de serviços de coach: que te ensinam a seduzir um homem, que te ensinam a sentir prazer, que te ensinam como você deve se sentir após uma determinada idade, etc etc. O filão agora é as 40+. Parece que virou a chave dos 40 e já temos a sentença: "sua menopausa está logo ali e seus óvulos velhos. Você precisa congelar seus óvulos. Você precisa consumir isso ou aquilo."
A verdade é que no tempo das nossas bisavós as mulheres engravidavam até a menopausa, perto dos 50 inclusive, tendo filhos ao mesmo tempo que suas filhas mais velhas. Era a chamada "raspa de tacho", porque eram os filhos derradeiros. E os maridos continuavam a procurá-las.
Hoje, com toda liberdade sexual das mulheres, com cinco anos de casados, os maridos já enjoam de suas esposas. Tempos estranhos em que o afeto não acompanha as fases da vida do casal. O nicho agora para perturbarem a nossa saúde mental é as mulheres 40+, porque já estabilizadas economicamente, são ótimas consumidoras em potencial do que inventarem para elas consumirem, como ainda precisam lidar com o ódio dos red pills que se sentem inferiorizados profissionalmente e economicamente por elas. Minha libido está ótima, meu estado de humor equilibrado.
A maturidade ensina a digerir muitas violências que sofremos. Meu estradiol está ótimo, sinto-me bem fisicamente, minha tireoide está bem, estou com mais disposição física porque acertei na vitamina D. Mas eu tenho que abrir a Internet para ver mulheres que não chegaram na minha idade falando o tão péssima devo estar me sentindo, porque elas precisam vender o peixe delas também. Na boa, não vão levar meu dinheiro. Não preciso que me ensinem a transar, a seduzir, nem mesmo como devo me sentir nos meus 45+. Desde que o mundo é o mundo sempre houve homem para mulher e vice-versa, sem essa neura de idade e a Bíblia está cheia de casais em que as mulheres foram mães com idade avançada.
É um novo controle sobre a mulher, para venderem serviços e produtos para que nos sintamos inadequadas, já que parece que recebemos uma sentença de morte, que não podemos estar plenamente realizadas e ativas, porque "obrigatoriamente" devemos nos sentir péssimas. Péssima me sentia quando ainda não conseguia digerir as violências que passei. Péssima por não ter a maturidade que tenho hoje e sentir empatia por quem não merece. Anos da minha vida tendo que lidar com diagnósticos e medicação, quando na verdade o problema era a indigestão da mágoa e da falta de respeito própria de uma sociedade adultocêntrica e machista e que tem na indústria farmacêutica a fórmula mágica para você se sentir adequada e silenciada.
Espero que esqueçam o dinheiro suado das mulheres 40+. Espero que como mulher, muitas de nós melhoremos nossa autoestima para não permanecermos nessa condição psicológica de vulnerabilidade.