Os escritores José Américo de Almeida e José Lins do Rego eram amigos inseparáveis. Entre ambos, existia uma amizade literária que perdurou por toda a vida. Amizade transformada pela confidência pessoal, pelo aconselhamento.
Os dois pensavam a Paraíba com o olhar das artes para revelar a força de sua gente. Ambos carregavam a terra, as águas e a história do povo como alimento à arte que exercitavam.
José Américo expressou essa amizade em muitas ocasiões. Estando governador, organizou um evento para homenagear o amigo, consagrado romancista que elevou a literatura brasileira a um estágio de destaque mundial, ao escrever sobre os tipos e costumes do povo do Nordeste, especialmente da Paraíba.
José Lins do Rego e José Américo de Almeida (FCJA) Celyn Kang
Foram momentos de romarias sentimentais à terra onde nasceu o romancista paraibano, com a participação de escritores e jornalistas, em caravanas procedentes do Rio de Janeiro, onde residia José Lins do Rego.
José Lins do Rego Funesc
O governador José Américo de Almeida reconhecia a grandeza e a universalidade literária de José Lins. Criou comissão para organizar as solenidades do seu cinquentenário, com debates sobre sua obra, visitas aos engenhos, culminando com a inauguração de busto em Pilar e, nos dias seguintes, um almoço, em Pitimbu, e encontro com escritores, em Campina Grande.
As homenagens ao escritor se estenderam ao Estado do Ceará, onde recebeu efusivas saudações capitaneadas pela romancista Rachel de Queiroz, consagrada autora de O Quinze.
O jornal O Norte da época descreveu como peregrinação sentimental a visita de José Lins pelos engenhos de sua infância e mocidade, cenário de seus romances e de suas memórias. Os personagens saíam das páginas dos livros para retornar à terra do coronel José Paulino, do pequeno Carlos de Melo, do moleque Ricardo, de Vitorino Papa-Rabo, do mestre José Amaro.
José Américo de Almeida Funesc
O governador José Américo proporcionou justas homenagens a uma personalidade que representa a grandeza da Paraíba no plano da literatura nacional, da inteligência e do espírito criativo paraibanos.
José Lins do Rego Funesc
Na comitiva visitante, escritores do quilate de Rubens Braga, Marques Rabelo, Waldemar Cavalcanti e outros que se deixaram dominar pelo calor das homenagens do amigo. Conheceram a supremacia do coração e do espírito solidário dos paraibanos ao seu maior contador de histórias.
Encontraram as lembranças das bolandeiras, das senzalas e casas-grandes. Juarez Batista recordou que os visitantes à cidade de Pilar puderam se maravilhar com as conversas do povo que serviu de personagem para José Lins.
Setenta anos depois, percorremos as paisagens saturadas na busca de imagens de Pilar e seu entorno, na tentativa de reconstruir as faces dos personagens que inspiraram José Lins, esse gigante da literatura de ficção brasileira. Não os encontramos, mas estão vivos nas páginas de seus livros.
Mais de um século depois, as paisagens rústicas dos antigos engenhos Itapuá e Corredor da infância de José Lins, assim como toda a paisagem da várzea do rio Paraíba, onde viveram os tipos imortalizados pelo autor de Banguê, continuam sendo recriadas a cada leitura dos seus romances.