Sob função primordial de vigilância e segurança, a Arquitetura Militar se destaca em eminentes exemplos pelo mundo. Da Idade Média, período em que este estilo se destacou com mais força em magníficos castelos, régias torres e monumentais muralhas, chamadas de “remparts”, aos dias de hoje, como se verificou na restauração e repaginação da arquitetura do quase milenar Castelo de Breda, na Holanda, durante o século passado.
Castelo de Breda, Países BaixosJ. Bakker
Mas é na longínqua Finlândia, perto da capital Helsinque, com fácil acesso por barcos e permanentes serviços de ferry-boat, que existe um aglomerado de pequenas ilhas chamado Suomenlinna, resguardando um tesouro consolidado como patrimônio da humanidade pela Unesco, preservado e rico de história com um dos complexos arquitetônicos mais representativos de fortaleza.
Aliados à sobriedade e à solidez das edificações maiores, construídas para uso militar, em Suomenlinna há exemplos curiosos de construções camufladas por baixo do solo, harmonicamente implantadas, tendo como coberta o próprio terreno gramado. Além disso, o conjunto é composto por exemplos que vão desde residências a igrejas, incluindo pórticos, piers, e outros prédios que hoje funcionam como museus.
Apesar do caráter funcional, o agrupamento convive de forma harmônica e graciosa, incluindo fachadas com esquadrias emolduradas por ornamentos que lhe conferem até certo romantismo, verificado também nas cores utilizadas, na exposição das calhas e biqueiras, a se contrapor com seus escuros telhados.
G. Romero
Torres, muralhas e arcadas envolvem Suomenlinna com austeridade prontamente suavizada pela paisagem, topografia e localização extremamente privilegiadas, cortadas por rios e pontes que convivem com a brisa do Golfo da Finlândia e grande variedade de aves marinhas. Tudo isso torna a visita ao patrimônio, que em 1991 passou a fazer parte da Unesco, um passeio muito especial, não somente pela peculiaridade de sua Arquitetura, mas pelo valor das fachadas dos núcleos residenciais e dos extensos galpões cuidadosamente projetados.
Ali perduram vivas características que contam a história de lutas em defesa de três reinos soberanos: o Reino da Suécia, o Império Russo e por último a República da Finlândia. Após a independência do país, em 1917, a fortaleza passou a servir como porto e guarnição militar. Depois da 2ª guerra, foi adequada a propósitos civis e culturais tornando-se uma das atrações turísticas mais populares dos arredores de Helsinque, sobretudo
Alaurinda Romero
Suomenlinna corresponde a uma área de 210 ha, com 200 edifícios e 6 km de muros, e se estende por seis ilhas separadas. Foi originalmente construída sobre a rocha e fortificada com um sistema de bastiões sobre terrenos variados. O propósito da fortaleza era originalmente defender o Reino da Suécia contra o Império Russo e servir como base militar fortificada em doca seca. Bancos de areia, quartéis e outros edifícios foram adicionados durante o período russo do século XIX. O sistema defensivo foi adaptado para atender aos requisitos de um forte modernamente desenvolvido no século XIX com equipamentos de fortificação contemporâneos.
Pedras, flores, lampiões e gaivotas oferecem extraordinária majestade arquitetônica e paisagística ao formoso arquipélago transformado em cobiçada fortaleza, já pertencente à Rússia e à Suécia, ainda que remonte a objetivos bélicos nada condizentes com a paz e a beleza que atualmente emanam do local.
