Éramos, os três, inseparáveis naqueles anos de faculdade. Eu e Arlindo da mesma cidade e Dos Coco, cearense. Este último. descera algumas latitudes para estudar engenharia por aquelas bandas lá de baixo. Era um danado de inteligente. Mais para frente cada um de nós tomou seu rumo na vida. Fomos perdendo o contato, Eu, cuidando das minhas coisas. Arlindo das dele e Dos Coco também foi se afastando.
Chegavam notícias esporádicas desses dois camaradas, mas foram rareando, rareando, até que não soube mais deles. Acreditem, beirava uns cinquenta anos sem saber nem de um nem de outro. Até que ontem recebi uma ligação. Era Arlindo. Não escondi minha surpresa.
⏤ Arlindo, não acredito. Quanto tempo hein, meu amigo?
⏤ Bota tempo nisso, mais de cinquenta anos. Consegui o contato de sua irmã e ela me passou o seu.
⏤ Que bela surpresa, Arlindo. Vez ou outra, jogo minhas lembranças para os nossos tempos. E o Dos Coco? Tem notícias dele?
⏤ Por isso estou ligando pra você.
⏤ Diz aí. O que houve?
⏤ Dos Coco morreu.
⏤ Como assim, morreu? Dos Coco? O que houve? Estou sem acreditar.
⏤ Pois morreu. E bem morridinho. Enfarto fulminante. Estava vendo jogo da Seleção na televisão e pimba! Caiu durinho!
⏤ Depois me passe o contato da Jussara. Ainda estavam casados?
⏤ Sim, com ela mesma, na faculdade, um ano depois de nós. Tiveram duas meninas e já estavam casadas. Pelo que soube, três netos já crescidinhos.
⏤ Que notícia triste, Arlindo. Não tem como esquecer Dos Coco. Lembra que de certa vez ele passou uma noite inteira conosco, a base de “Reativan”, resolvendo questões de momento fletor, nos ensinando aquela história de cargas, tensão normal, tração, etc?
⏤ Escapamos de ficar de dependência em Resistência dos Materiais graças a ele.
⏤ Estou lembrado que Dos Coco, foi o apelido que ganhou no dia do trote. Deve ter sido o sotaque que nunca perdeu. Levava na boa, até lista de presença assinava como Dos Coco. Nem o conhecia direito quando perguntei o nome e ele foi logo soltando: “Oxente, pode me chamar de Dos Coco”.
⏤ Está lembrado daquele baile em Caçapava, a briga que arrumamos? Dos Coco não afinava e foi logo encarando os “inimigos” e dizendo: “Cada um pega o seu e o resto deixa comigo”.
⏤ Fui dar uma de esperto e peguei o menorzinho, era o chefe da outra patota. Levei a maior pisa.
⏤ Dos Coco gostava de uma briga e não deixava amigo numa pior nessas paradas. Lá em Caçapava você que quis dar uma de esperto e saiu todo esfolado.
⏤ Valente, mas de coração mole. Na república dele sempre tinha um ou dois morando de graça. Se ele sabia que um colega estava em dificuldade, acolhia. Era muito generoso.
⏤ Quando terminei namoro com a Silvia, fiquei mal. Tomei o maior pileque e ele ali comigo, parecia um monge, me ouvindo e me dando conselhos.
⏤ Bota tempo nisso, mais de cinquenta anos. Consegui o contato de sua irmã e ela me passou o seu.
⏤ Que bela surpresa, Arlindo. Vez ou outra, jogo minhas lembranças para os nossos tempos. E o Dos Coco? Tem notícias dele?
⏤ Por isso estou ligando pra você.
⏤ Diz aí. O que houve?
⏤ Dos Coco morreu.
⏤ Como assim, morreu? Dos Coco? O que houve? Estou sem acreditar.
⏤ Pois morreu. E bem morridinho. Enfarto fulminante. Estava vendo jogo da Seleção na televisão e pimba! Caiu durinho!
⏤ Depois me passe o contato da Jussara. Ainda estavam casados?
⏤ Sim, com ela mesma, na faculdade, um ano depois de nós. Tiveram duas meninas e já estavam casadas. Pelo que soube, três netos já crescidinhos.
⏤ Que notícia triste, Arlindo. Não tem como esquecer Dos Coco. Lembra que de certa vez ele passou uma noite inteira conosco, a base de “Reativan”, resolvendo questões de momento fletor, nos ensinando aquela história de cargas, tensão normal, tração, etc?
⏤ Escapamos de ficar de dependência em Resistência dos Materiais graças a ele.
⏤ Estou lembrado que Dos Coco, foi o apelido que ganhou no dia do trote. Deve ter sido o sotaque que nunca perdeu. Levava na boa, até lista de presença assinava como Dos Coco. Nem o conhecia direito quando perguntei o nome e ele foi logo soltando: “Oxente, pode me chamar de Dos Coco”.
⏤ Está lembrado daquele baile em Caçapava, a briga que arrumamos? Dos Coco não afinava e foi logo encarando os “inimigos” e dizendo: “Cada um pega o seu e o resto deixa comigo”.
⏤ Fui dar uma de esperto e peguei o menorzinho, era o chefe da outra patota. Levei a maior pisa.
⏤ Dos Coco gostava de uma briga e não deixava amigo numa pior nessas paradas. Lá em Caçapava você que quis dar uma de esperto e saiu todo esfolado.
⏤ Valente, mas de coração mole. Na república dele sempre tinha um ou dois morando de graça. Se ele sabia que um colega estava em dificuldade, acolhia. Era muito generoso.
⏤ Quando terminei namoro com a Silvia, fiquei mal. Tomei o maior pileque e ele ali comigo, parecia um monge, me ouvindo e me dando conselhos.
Depois de alguns minutos...
⏤ Pois é, Arlindo, não vamos perder o contato. A gente vai se falando. De vez em quando, liga.
⏤ Ligo, sim. Tô deixando o contato da Jussara. Fica com Deus, meu amigo.
⏤ Abração Arlindo ⏤ e desliguei.
⏤ Ligo, sim. Tô deixando o contato da Jussara. Fica com Deus, meu amigo.
⏤ Abração Arlindo ⏤ e desliguei.
Ah, meus amigos, minhas amigas. Se vocês tivessem conhecido Dos Coco... Mas como somos ingratos até com nossas mais efusivas lembranças. Pois vejam só, minutos depois liguei para Arlindo.
⏤ Arlindo, me diz uma coisa. Como era mesmo o nome do Dos Coco?
Que forma mais camuflada de indiferença e ingratidão! Esquecer o nome dos melhores amigos. Pode uma coisa dessas? Acho que é a idade...Onde estiver vai me desculpando Dos Coco. Se fizer questão, meu perdão, Péricles.