Edgar Morin é um filósofo, sociólogo, antropólogo francês, nascido em Paris em 1921. Ele é conhecido por desenvolver a epistemologia da...

Pensamento complexo

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Edgar Morin é um filósofo, sociólogo, antropólogo francês, nascido em Paris em 1921. Ele é conhecido por desenvolver a epistemologia da complexidade, que teve seu início na década de 1960. Esse tipo de pensamento desafia o paradigma tradicional da razão e da ciência como as únicas formas de interpretar a realidade, buscando interconectar conhecimentos dispersos e
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Edgar Morin UFRN/Daniel Teixeira
promover uma integração entre a cultura científica e a humanística. Na perspectiva da complexidade, “tudo está interligado”. Essa abordagem emerge como uma maneira de evidenciar a multidimensionalidade do mundo real, incentivando todos a estabelecer uma epistemologia que promova o diálogo entre diferentes áreas do conhecimento, visando uma compreensão mais abrangente do mundo. Compreender o contexto global de maneira unidimensional já não é viável, considerando que as relações humanas são múltiplas e incompreensíveis. Tanto uma visão analítica quanto uma visão holística têm se mostrado cada vez mais insuficientes para entender a condição humana.

A teoria da complexidade proposta por Edgar Morin oferece uma nova interpretação para compreender o mundo, ao promover a interconexão dos conhecimentos fragmentados pela ciência moderna. Essa abordagem viabiliza a convivência harmoniosa de ideias que são, ao mesmo tempo, opostas, complementares e concorrentes. Nessa perspectiva de pensamento, Morin busca explorar três princípios fundamentais do pensamento complexo:

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Daniele Levis Pelusi
◼️ O primeiro desses princípios, chamado de dialógico, parte da ideia de que existem duas lógicas que se complementam e, ao mesmo tempo, são antagônicas. Com base nessa premissa, percebe-se que ordem, desordem e organização são componentes cruciais para a compreensão da complexidade, uma vez que esses elementos se desintegram e se desorganizam simultaneamente. “A dialógica permite assumir racionalmente a inseparabilidade de noções contraditórias para conceber um mesmo fenômeno complexo” (MORIN, 2010, p. 96). A partir dessa perspectiva, fica claro que o significado da realidade emerge da relação entre o todo e as partes, em um movimento bidirecional em uma análise mais abrangente. Portanto, não faz sentido estudar um fenômeno utilizando uma única perspectiva racional.

◼️ O segundo princípio versa à recursão organizacional. Para explicá-lo, o pensador remete a noção de um turbilhão, onde cada instante é simultaneamente um resultado e um gerador. Dessa forma, “Um processo recursivo é um processo em que os produtos e efeitos são ao mesmo tempo causas e produtores do que se produz” (MORIN, 2011, p. 74). Essa
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Daniele Levis Pelusi
interpretação revela que os efeitos influenciam as causas, o que facilita a compreensão sobre como os sujeitos se organizam. Como o autor menciona, “os indivíduos humanos criam a sociedade por meio de suas interações, e a sociedade, ao se manifestar, desenvolve a humanidade desses indivíduos, oferecendo-lhes linguagem e cultura.” (MORIN, 2010, p. 95);

◼️ O terceiro princípio que orienta o pensamento complexo é o hologramático, do qual se extrai a visão de que “Não apenas a parte está no todo, mas o todo está na parte” (MORIN, 2011, p. 74). Essa ideia se opõe ao pensamento simplificador, que, em seu modelo reducionista, contempla apenas as partes por meio de uma perspectiva linear, simplista e restrita. Também contrasta com o pensamento holístico, pois este se reduz ao todo, mas que nega as especificidades. Assim, uma parte só pode ser definida como tal em relação a um todo.

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Edgar Morin (1990) @madelen.ina.fr/
A abordagem do pensamento complexo proposta por Edgar Morin enfatiza a diversidade e a incerteza, buscando uma interpretação que una tanto a análise detalhada quanto a perspectiva holística. Essa visão reconhece a relevância das singularidades. Em 2000, Morin foi convidado pela Unesco a refletir sobre a educação no novo milênio e produziu um documento intitulado Os sete saberes necessários à educação do futuro. Nele, ele destaca a necessidade urgente de uma transformação no pensamento, passando do linear ao complexo.

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