Sábado, 17 de agosto de 2024, data que ficará marcada na história da Televisão, para não dizer no Brasil. O país amanheceu com a impactante notícia da morte de Sílvio Santos.
Recebi a notícia por whatsapp. Ligo a TV, no SBT e após conferir, posto no grupo familiar:
— Estou de luto. Meu ídolo Sílvio Santos partiu.
Retorno ao SBT e como se lesse meu pensamento, eis que o jornalista César Filho, que estava no comando do jornalismo, repercutindo o fato, respondeu:
"Quem partiu foi Senor Abravanel (seu nome real) porque Sílvio Santos é eterno (imortal)".
Faz sentido. O tempo tem mostrado que Elvis Presley não morreu, nem Charles Chaplin, nem tantos outros desse naipe. A repercussão continua, mas eu recuei no tempo, até o final dos anos 70, quando vim habitar na Capital paraibana. Num tempo em que os entretenimentos, aos domingos, se resumiam à praia e cinema. Não havia shopping algum, mas lá estava a TV, nas tardes dos domingos, oferecendo aos telespectadores a opção do Programa Sílvio Santos, com toda variedade e criatividade, sob a "batuta do maestro" e maior comunicador do Brasil. Ele regia as mais diversas atrações, deixando um legado que imortaliza sua trajetória de 60 anos de TV, iniciado em 1963.
Oriundo de família humilde, começou a vida profissional como camelô, cursou até o Técnico de Contabilidade e, com garra e determinação, construiu um império e se transformou em empresário e no melhor e maior comunicador do Brasil. Boni o classifica como o "maior apresentador do mundo". E, nesse sentido, César Filho informa que Sílvio Santos entrou no guinness book (o livro dos recordes), como o apresentador que ocupou mais tempo em programa de TV.
Na cobertura do SBT desfilam dezenas de artistas, jornalistas, dentre outras personalidades que, emocionados, revelam sua gratidão a Sílvio Santos, a quem deve seu sucesso e visibilidade pública. Mesmo com a tradicional veste, de paletó e gravata, no palco vestia muitos personagens: de sério em entrevistas a personalidade e políticos, mas, nos momentos de descontração, assumia os mais variados papéis em cena: virava palhaço, criança, ator, rebolava, contava piadas... pois com sua arte de interagir, sua empatia, carisma como ninguém, era um verdadeiro e inigualável fenômeno de comunicação.
Foi pioneiro nos mais diversos aspectos. Num momento em que os aplicativos de relacionamento só agora impera, Sílvio Santos lançou a ideia, formou e aproximou casais, com vários quadros: Namoro na TV, Em nome do amor, Quer namorar comigo?
Além de pessoas do cenário artístico, Sílvio Santos melhorou a vida de muitos anônimos, por meio do seu programa, nos quadros A Porta da Esperança, Show do Milhão, Boa Noite Cinderela, Baú da Felicidade, dentre tantos, e, principalmente o Teleton/AACD, que proporciona oportunidade de tratamento a milhares de crianças especiais, por meio de suas unidades em diversos estados.
Queria tê-lo conhecido ao vivo. Tanto que, certa época eu pagava carnês. Além de um provável prêmio, imaginando ser o passaporte para conhecê-lo, o que não aconteceu. Não tive essa oportunidade, mas ele e Roberto Carlos são e serão meus eternos ídolos. E eis, que ao redigir este texto, coincidentemente, na cobertura da TV aparece a imagem dos dois juntos. Fotografei na hora os dois fenômenos brasileiros nossos.
Boris Casoy ressaltou que Sílvio era tão democrático e dava tanta liberdade, que jamais interferiu no jornalismo. Tanto que permitiu até que fosse liberada a crítica que ele fez, como âncora, quando Sílvio Santos se aventurou a candidatar-se à Presidência da República, impugnada por influência política. "Eu fui contra, gravei a crítica, porque não concordava que o ingresso na política seria boa para ele. Ele não cortou e deixou ir ao ar", disse Boris.
Sílvio foi pioneiro em vários quadros e games, que inspiraram outras emissoras repercutir com outras denominações. Também é a pessoa mais imitada por muitos candidatos a artistas. Foi dito que durante os intervalos, enquanto o telespectador via os comerciais, Sílvio Santos permanecia no auditório, interagindo com suas "colegas de trabalho"
Muitas celebridades o reverenciaram e manifestaram suas homenagens. Chorando, Celso Portioli disse que foi "o dia mais triste para a televisão brasileira chegou". Carlos Nascimento é muito grato porque, quando teve o processo de câncer, Sílvio o ajudou muito, ao ponto de, no final da convalescença, mudou o modelo do jornalismo para intercalar os apresentadores. Lembrou que, em situação semelhante, renovou também o contrato de Hebe Camargo.
Seguidor do Judaísmo, deixou expresso que não gostaria de velório e que todos lembrasse de sua imagem pela alegria de ser e se expressar. Desejo bem cumprido pela família. Se assim não fôra, não há dúvida que seria um dos maiores, senão o maior dos velórios do país. Na pátria espiritual, um time de amigos notáveis o esperam, capitaneado por Hebe Camargo, que deve ter entoado: "Sílvio Santos vem aí!!"
Nas homenagens, meu outro ídolo Roberto Carlos, em show, solicitou palmas ao público para SS e levou o público a acompanhá-lo na música de abertura do programa. Também em show, o cantor Leonardo resumiu: "Não aprendi dizer adeus, não sei se vou me acostumar. Só o silêncio vai falar..."
Enfim, como é difícil sintetizar sobre a vida daquele mito. Sílvio Santos fará sempre parte de minha memória afetiva:
Por fim, gratidão, meu ídolo Sílvio Santos, pela apresentação de entretenimento e cultura, para alegrar as minhas tardes de domingo e concluo, agradecendo sua excelente mensagem-alerta, numa das suas músicas: "... Do mundo não se leva nada, vamos sorrir e cantar".
Enfim, vamos viver!!
Feliz regresso, Sílvio Santos, à pátria espiritual!! Que Deus o receba na paz e luz!!