Artistas têm procurado sincronizar sua criação a distintas correntes de pensamento, seja nas ciências humanas ou nas ciências naturais. Esse vínculo gerou espaço para a elaboração de temas que orientam suas obras e impulsionam seu processo criativo, além de possibilitar o desenvolvimento de suas próprias teorias. Eles têm atribuído significados à arte, buscando novas possibilidades de relação entre filosofia, ciência e arte. Diante disso, destaca-se o paradigma trazido pela arte conceitual contemporânea nas últimas décadas do século XX com as investigações da Neuroestética. Essa nova área de estudo é explorada por meio da neurobiologia, neuroanatomia, neurofisiologia e neurociência, com o objetivo de aprofundar a compreensão do funcionamento do cérebro humano.
A Neuroestética tem explorado o funcionamento da mente, especialmente no que se refere à autoconsciência. Essa investigação está na obra Matéria e Consciência (2004) do filósofo norte-americano Paul M. Churchland (1942). O livro analisa o desenvolvimento da Neurofilosofia, proposta tanto por Paul quanto pela filósofa analítica canadense Patrícia Smith Churchland (1943). Seus trabalhos introduzem o conceito de protociência, que se entrelaça com o conhecimento científico. A pesquisa dos autores foca na intersecção entre neurociência e filosofia. Para Patrícia, os filósofos têm compreendido que, para conhecer a mente, é essencial estudar o funcionamento do cérebro. Ela tem utilizado descobertas da neurociência para examinar questões relacionadas ao conhecimento, livre-arbítrio, consciência e ética. Diante disso, os neurofilósofos se baseiam nas recentes descobertas sobre o sistema nervoso para entender processos como a intencionalidade e os estados mentais, entre outros, que são observados na arte contemporânea.
O neurobiologista turco Semir Zeki (1940) é um neurobiólogo. Uma de suas pesquisas investiga o cérebro visual dos primatas e as conexões neuronais relacionadas a estados emocionais, como amor, desejo e a percepção de beleza, que são ativados por estímulos sensoriais dentro da neuroestética. Em seus estudos, ele estabelece uma base biológica para compreender cientificamente o prazer estético visual, semelhante ao que algumas teorias teleológico-biológicas propõem sobre significado linguístico e intencionalidade. A neuroestética de Zeki se fundamenta na estética aristotélica, que associa a tese da imitação (mimese) ao prazer, e investiga os mecanismos cerebrais envolvidos nesse processo. O pesquisador, pela primeira vez, conecta elementos da arte e do funcionamento cerebral, identificando as relações entre soluções visuais artísticas e as áreas específicas do córtex visual que as processam. Assim, o cérebro visual ativa uma função na estética. Para Zeki, toda forma de arte visual é expressa através do cérebro visual, e a função da arte e a função do cérebro visual são as mesmas.
A abordagem metodológica de Semir Zeki na análise dos processos da pintura moderna se fundamenta na semelhança entre os experimentos realizados por neurocientistas. Zeki argumenta que os pintores modernos buscam seus efeitos estéticos desejados em suas obras vivenciando um prazer pessoal que, por sua vez, estimulava seus cérebros. Esse prazer era tanto na criação de suas pinturas quanto na recepção por parte dos espectadores. Esses artistas ajudaram a elucidar as leis de organização neural e os mecanismos cerebrais envolvidos no sentimento de prazer por uma satisfação mental.