Vou tratar de Valmir Vieira de Azevedo, até hoje considerado o maior estelionatário do país, porém antes preciso agradecer a um amigo de infância recentemente adquirido que está me abastecendo dessa e de outras histórias fantásticas, todas verdadeiras e documentadas, mas que prefere permanecer no anonimato.
Vou iniciar dizendo que Valmir era bem apessoado, inteligentíssimo e ainda jovem conseguiu facilmente ser aprovado num concurso do Banco do Brasil, onde rapidamente chegou a gerente. Naquela condição notou que as grandes empresas que mantinham enormes depósitos no banco por confiarem na instituição, não reclamavam da subtração de pequenos valores em suas contas correntes. O que ele fez teve a simplicidade dos gênios. Abriu uma conta em nome de um personagem que ele criou e desviava para a tal conta quantias que não faziam nem cócegas nos saldos das empresas depositantes.
Começou a ganhar muito dinheiro e então cometeu seu erro; passou a se exibir como o novo rico que era. Começou a frequentar os famosos restaurantes da época, como o Parreirinha, onde era vizinho de mesa do maestro Erlon Chaves e da cantora Inezita Barroso. Já no restaurante Baiuca sempre via ao seu lado o ex-Governador Paulo Egídio Martins num cantinho discreto que escondia o romance da Excelência com uma das mais famosas misses do Brasil. Comprou o automóvel mais luxuoso e desejado do país; um Simca Chambord. Era demais para os padrões financeiros de um gerente de banco e o controle interno do BB identificou a patranha. Descoberto o golpe, foi condenado e enviado à Casa de Detenção de São Paulo, uma das maiores escolas de crimes do Brasil.
Inteligente e cativante, logo uniu-se ao supra sumo do banditismo nacional na cadeia e começou uma história de crimes que contarei adiante, porque preciso abrir espaço para um fato inusitado e absolutamente provado.
A direção da revista Manchete ficou impressionada com a repercussão nacional das “operações” de Valdir e designou seu melhor jornalista para entrevistar o bandido, que solenemente recusou-se a trocar qualquer palavra com o jornalista, ninguém menos que Carlos Heitor Cony, que não se abalou. De volta à redação produziu a excelente matéria “Entrevista de mentira com um falsário de verdade”. Para que não duvidem do que escrevo cito uma coluna de Ruy Castro publicada na Folha de São Paulo em outubro de 2009.
Aguardem: na próxima semana a chapa vai esquentar com a entrada do Advogado/ presidiário Arnaut, do famigerado “Caveirinha” e de muita gente mais nesta trama real. Até lá.