A Mesopotâmia, a célebre “terra entre os rios” (nome dado à região supostamente por Alexandre, o Grande), não foi um todo único, mas um conjunto de civilizações diversas que ocuparam territórios para além das planícies dos rios Tigre e Eufrates, e que parece remontar mais longe no tempo ao norte (Assíria), onde os primeiros colonos construíram as suas pequenas aldeias, por volta de 6.000 a.C.
Ali se desenvolveram em pequenas cidades-estado independentes: os sumérios, acadianos, babilónios, elamitas, hurritas (do Reino de Mitani), assírios, entre outras comunidades, cujos vestígios podem ainda hoje ser encontrados no Iraque, no Irão, na Síria, na Turquia e até mesmo no Chipre.
Ali se desenvolveram em pequenas cidades-estado independentes: os sumérios, acadianos, babilónios, elamitas, hurritas (do Reino de Mitani), assírios, entre outras comunidades, cujos vestígios podem ainda hoje ser encontrados no Iraque, no Irão, na Síria, na Turquia e até mesmo no Chipre.
Nos vibrantes mistérios e impenetrabilidade da mitologia babilónica e no considerável panteão sumério, que serviu de base para civilizações posteriores, as deusas têm papéis de primeira ordem. A criação da humanidade é conferida a Ninmah (Rainha Magnífica), a divindade da criação e da fertilidade, a deusa mãe da Mesopotâmia. Conhecida sob muitos designações (a mais proeminente das quais é o nome sumério Nintud ou Nintur), também é frequentemente chamada de Ninhursag, Aruru, Dingirmah, Ninhursanja e Belet-ili (Rainha dos deuses). É amiudadamente representada pela letra grega Omega (Ω), simbolizando o útero, e com uma faca, utensílio que serviria para cortar o cordão umbilical.
No mito sumério de Atrahasis (antigo épico acadiano que conta a história da criação do mundo e da história primeva), sobre a criação e o dilúvio universal, Ninmah, uma mãe carinhosa e protectora, terá criado a humanidade misturando argila com o sangue de um deus morto. Num outro conto sumério, Ninmah compete com Enki, deus da água primordial, criando várias criaturas a partir do barro, oferecendo-se para carregar em seu próprio ventre o primeiro ser humano. Disso resulta a criação dos seres humanos, infundindo vida a cada forma delicada.
O seu culto reverenciava a conexão profunda entre a natureza, a vida humana e a prosperidade das colheitas. Nas cidades de Adab e em Eridu, no sul da Mesopotâmia, situadas nas atuais províncias de Wasit e de Dhi Qar, no Iraque, foram erguidos templos em sua honra, nos quais sacerdotes e sacerdotisas realizavam rituais de gratidão, procurando obter a sua bênção de modo a garantir a abundância na terra e o bem-estar de toda a comunidade.
Templo de Ninmah, em Hillah, Província da Babilônia, Iraque ▪ Imagens: H. Al-Ayashi, Z. Kadhim e G. Mahdi ▪ Veja a localização
Nos festivais que celebravam Ninmah, as danças e músicas enchiam o ar, lembrando a todos da sua importância vital. Seu nome ecoava em cânticos, evocando a sua influência sobre todos na jornada terrena.Atualmente, o legado da deusa Ninmah vive na lembrança de que somos parte de um ciclo maior de vida, em que cada semente plantada floresce com o seu toque divino e no nome atribuído pelos antigos mesopotâmicos a uma constelação.