Haveria de agradá-lo muito este título. Ararunense antes de tudo. Sabem disso os que o conheceram mais de perto ou nem tanto assim. Pois Araruna, o serrano e querido chão natal, estava em seu ser, habitava seu ser de forma profunda, declarada: nas palavras, nas memórias, nos escritos, no querer e no fazer de cada dia.
Araruna deu-lhe tudo. E ele retribuiu na mesma medida: deu-se todo a Araruna. E deu-se de uma forma mais imperecível que as obras de cal e pedra, talvez a mais perene de todas: escreveu a história da cidade, sob diversos ângulos, com o esmero que só um legítimo e amoroso filho da terra poderia
Araruna (PB)
marcosantoniode.macedo
marcosantoniode.macedo
Fico refletindo: de que outra maneira, por exemplo, poderia ter Humberto escrito a história da farmácia de seu pai, verdadeiro centro médico, político e social da brejeira urbe, para onde acorriam os aldeãos e os das redondezas, em busca da saúde e das informações (inclusive as fofocas) mais recentes e fidedignas. Humberto foi criança e cresceu praticamente dentro dessa farmácia mítica, e ela impregnou-o de tal modo que chegou a determinar sua formação acadêmica e profissional. A admiração e o respeito pelo pai farmacêutico eram imensos, derramavam-se em suas conversas cotidianas. A gente percebia como ele gostava das recordações sobre o pai, a farmácia, a cidade e os conterrâneos de seu tempo. Aquilo tudo era um mundo, o seu mundo pessoal, mais importante que Paris, Londres e Nova York. E ele estava certo, tinha toda a razão.
Severino Cabral de Lucena EMEFM
Humberto Fonseca UFPB
Transitando da bioquímica para a história, sempre com talento e sempre discreto, Humberto chegou ao Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, para enaltecê-lo com sua presença operosa. E ali contribuiu especialmente para levar,
Modesto Siebra Coelho Acervo pessoal
Vindo estudar na Capital muito cedo, foi aluno fundador do antigo Colégio Lins de Vasconcelos, ainda nas instalações originais que antecederam o moderno prédio que sobrevive até hoje no largo da Igreja de São Francisco. Por isso, era também fortíssimo seu vínculo afetivo com a cidade de Nossa Senhora das Neves, da qual tornou-se um personagem atuante e incontornável.
Coloquei no início Araruna antes de tudo. Mas agora retifico. Para Humberto, antes de Araruna vinha a família, sua devoção primeira. Esse amor familial dava na vista, era anunciado explícita e implicitamente. Quantas vezes não saiu mais cedo de nossas reuniões aos sábados sob a justa alegação de que ia almoçar com a família. A esposa Carmem realçando como a grande companheira, e os filhos e netos adoçando os seus dias outonais. Teve esta felicidade – e tantas outras – o nosso amigo.
A partida desse grande paraibano e ararunense gera um vazio em lugares e em atividades diversas. É insuficiente dizer que fará falta, não fosse o clichê indesculpável. Mas que dizer e que fazer nessas horas? A vida segue, nós seguimos, enquanto Humberto sobe às alturas, de mãos limpas, ao encontro da merecida paz dos justos.