"O essencial é invisível aos olhos ” Antoine Saint Exupéry ¨ Ver bem não é ver tudo: é ver o que os outros não veem ” José Amé...

Forças inspiradoras: superando limites

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"O essencial é invisível aos olhos
Antoine Saint Exupéry

¨Ver bem não é ver tudo: é ver o que os outros não veem
José Américo de Almeida

Inicio essas linhas exaltando o pensamento desses dois grandiosos escritores que norteiam os passos do meu caminhar e inspiram o teor dos meus escritos. O francês Exupéry imortalizou a frase, no clássico universal O Pequeno Príncipe. O nosso nobre escritor paraibano José Américo é, igualmente, conhecido por sua magnífica dicção de lucidez e beleza.

Inúmeras pessoas, pelo mundo afora, não ouvem, não falam, não veem ou não se expressam em sua plenitude. Mas a história nos mostra exemplos e formas de
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Nicholas James Vujicic
Editora Novo Conceito
expressão, que encantam pela capacidade de sentir ou decifrar códigos de supremacia e perfeição. Sinfonia, sintonia e sincronia, juntas ou separadas, são regidas por lições de vida, cuja harmonia inspira anônimos ou famosos.

A lista é imensa. A começar pelo compositor alemão Ludwig Van Beethoven (1770-1827), que perdeu a audição e mesmo surdo, compôs grandes obras. Uma delas é “A Nona Sinfonia”. Por sua vez, o australiano Nicholas James Vujicic, nascido sem braços e sem pernas, viveu dificuldades na infância:

"Por muito tempo me perguntei se haveria no mundo alguém como eu e um propósito para a minha vida, além da dor e humilhação".

Hoje, casado, é pai, autor de livros e histórias inspiradoras e palestrante motivacional.

Nas edições das paraolimpíadas, atletas com deficiências físicas ou sensoriais conferem garra, felicidade, heroísmo e apoteose estampados no rosto de cada participante. E o que dizer de mágica cena do filme ¨Perfume de Mulher¨, protagonizada por personagem cego, vivido por Al Pacino? Ele nos oferece, em exemplar dança, com sua parceira, um dos momentos mais especiais já produzidos pelo cinema. E, na vida real, o tenor italiano Andrea Bocelli, também cego, encanta plateias pelo mundo inteiro.


Paraíba é terra de grandes talentos

A Paraíba, do mesmo modo, é palco para valorosos personagens que transformam limitação em superação. Um exemplo disso é o pianista campinense Sibélius Donato Tenório. Ele nasceu prematuro, até cerca de quatro anos não andava, não falava, mas costumava ouvir música clássica, fitando as mãos, até que certo dia, ao ser surpreendido tocando piano, sem qualquer noção anterior, executou “Assum Preto”, de Luiz Gonzaga, só de ouvir uma das músicas preferidas de seu pai. Após este fenômeno inusitado, não parou mais. Bastava ouvir uma vez e tocava qualquer música. Ainda criança, começou a tocar Bach, Chopin, Beethoven e grandes nomes da MPB. Desde então, faz concertos e encanta plateias pelo Brasil afora.

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Sibélius Donato Tenório Acervo pessoal

Grupo Superando limites

Mais do que um título, o Grupo Superando Limites JP (Instagram) apresenta e representa a forma de expressão de 23 integrantes, todos com algum tipo de deficiência: física, cadeirante, síndrome de down, intelectual, visual e auditiva, além de autistas. No entanto, quando entram em cena, sob a orientação da professora, bailarina, coreógrafa e pedagoga com especialidade em Educação Inclusiva e psicomotrocidade, Danielle Caldas, por meio da dança, seus gestos e expressões encantam a plateia.

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Performances do Grupo Superando Limites (PB) Acervo próprio
¨Eles evoluíram não só com o movimento da dança, mas em qualidade de vida¨, destaca Danielle, acrescentando que os diagnósticos, em alguns casos, são de paralisia cerebral, ossos de vidro, sequela de Talidomida, mielomeningocele e deficiências de alto comprometimento. O grupo integra um dos projetos do Centro Espírita Vianna de Carvalho (Rua Professor Joaquim Santiago, 70, Expedicionários, em João Pessoa).

Criado há quatro anos, se apresenta em diversos espaços, atendendo convites de escolas, eventos governamentais, instituições sem fins lucrativos, congressos, além dos movimentos espíritas e acadêmicos.

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Grupo Superando Limites Acervo próprio
O objetivo do grupo é promover o processo de reabilitação, inclusão e superação através da Arte. Segundo a coordenadora Danielle, o grupo apresenta números de dança, enfatizando um tema central, mas são abordados vários ritmos: forró, xote, hip hop, moderna e romântica.

Projeto Acesso Cidadão

Quem quiser conferir outro exemplo de lição de vida, superação, fé e esperança, num só lugar, basta ir à orla do Cabo Branco, em frente à Fundação Casa de José Américo (FCJA), nas manhãs de sábado. Ali, naquele cenário bucólico, entre a brisa e as palhas dos coqueiros, pessoas com dificuldades de locomoção, surdos e cegos desfrutam do banho do mar, em cadeiras anfíbias, passeios de caiaques adaptados, vôlei sentado na areia, frescobol, dentre outras atividades recreativas.

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É o projeto Acesso Cidadão, idealizado e acolhido pela própria Fundação, com parceria técnica da ONG ACSocial e apoio de diversas entidades. Diversificadas atividades nas áreas de esporte, cultura e lazer, promovem raro instante de confraternização semanal. Naquele local, já vi olhos que não enxergam ganharem novo olhar, quando numa oficina esculpiram peças de artes expressivas, moldando argilas.

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Projeto Acesso Cidadão (PB)
@pb.gov.br
Vi também cadeiras de rodas, transformadas em “pernas”, para cadeirantes participarem de Carnaval e de danças juninas; cegos e pessoas com bengalas, sendo conduzidas, durante a quadrilha e, no semblante, a expressão apoteótica por desfrutar do mundo da arte. Isso, graças à uma equipe de voluntários, composta por familiares e amigos, que fazem o papel de coadjuvantes. Coadjuvantes, sim, porque o protagonista mesmo é quem se ergue diante das dificuldades e limitações.

Enfim, eles são exemplos de força, luz e vida. Porque, no caminho de quem quer vencer, não existem barreiras ou fronteiras para se viver. São pessoas que fazem do seu exercício cotidiano uma lição de vida para as outras pessoas.

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  1. Anônimo8/8/24 07:41

    Beleza de texto e de mensagem, Fátima. Parabéns. Francisco Gil Messias.

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