Na minha solitária mesa da padaria Bonfim ele identificou-se e pediu licença para sentar. Por que não? “- Eu sei que você não gosta de políticos. Vários deputados já me disseram isso”.
Não é bem assim. Tenho excelentes amigos que são políticos e eles sabem disso. O que me chateia é a forma como a política é feita. O recém-chegado pediu um expresso e maciamente foi dando o recado.
MA de Tarso
Ele continuou: “- O que acontece é que um cidadão se elege deputado e quando assume o mandato a ficha cai. Não pode aprovar qualquer dos seus projetos se não tiver o apoio de muitos colegas. É lógico que esses outros deputados não têm a mínima vontade de apoiar o tal projeto. Várias razões; desde ser uma ideia que não guarda qualquer semelhança com as que os outros defendem, seja porque não querem servir de escada para que o colega angarie prestígio com a aprovação da lei ou, o que é pior, sempre pensando em quanto o autor da proposta está ganhando -isso mesmo, grana - para apresentar a proposição e não quer dividir com a “patota do bem”. É um inferno.
O pior é quando se trata de uma bancada temática, tipo bancada da bala ou da Bíblia. Nem dá pra chegar perto. A alternativa, quando muito, é trocar apoios. Você me apoia nesse projeto e eu prometo apoiar o teu. Mesmo assim, é perigoso porque o Brasil está tão dividido que se uma das bandas políticas pensar em apoiar discretamente um projeto
Ho Chung
Me animei; enfim eu voltaria a votar depois de 10 eleições ausente. Pedi a Maine mais café e quando ia me voltando para continuar a conversa com o político decente... acordei.
Que cousa!