Ao que devemos atentar?

Reclamar pode se tornar um hábito nocivo que vai erodindo o chão abaixo de nós. Quem sempre realça o lado mais difícil da vida, acaba por cavar um abismo sob os próprios pés, cultivando a desesperança que obstrui a visão de soluções e saídas que, de outro modo, estariam claras.

O queixume que se converte em refrão continuamente repetido, envenena a alma com os piores e mais nefastos sentimentos.

Andrea Piacquadio

A voz impaciente, gritada com raiva, abala tanto os nervos de quem a emite, quando os da audiência que a recebe, degradando o ambiente ao derredor. O equilíbrio do clima mental e emocional se vincula ao modo como cada um se expressa. A falta de cuidado com as palavras e a entonação agressiva polui a vida e estraga o dia.

Gesticular demonstrando impaciência, esmurrar a mobília, trincar os dentes, estremecer o corpo, cerrar os punhos ou emitir ruídos desagradáveis são atitudes que igualmente expressam uma postura de incompreensão que só reforçam o desespero.

Acusações, construções verbais venenosas e insinuações maliciosas são desgastes no próprio caráter. “Indiretas” aos outros são tiros de efeito retardado que acabarão por atingir que as desferiu. A crítica destrutiva é um bumerangue que inevitavelmente se volta contra quem o lança. Usar as palavras como projéteis para matar ou ferir é malversar um recurso divino, disponibilizado para amparar, consolar e construir. Sob a alegação de “justiça”, há quem oculte a satisfação falsa e imediata da vingança, subestimando o valor do perdão.

Alex Green

Dar curso ao ciúme, deixando-se levar por impressões e desconfianças, e protagonizar explosões de cólera e disseminar o oposto do alegado amor dedicado. Se um espinho é real e fere, o melhor é dele se afastar em vez de espetar de volta, alimentando um círculo vicioso e enfermiço de retaliação recíproca.

Protagonizar confrontos constantes fere o coração e torna a vida uma jornada insuportável.

Yan Krukau

Minimizar compromissos, menosprezar os sentimentos alheios, escarnecer dos outros são hábitos tristes que resultam inevitavelmente na infelicidade de quem os espalha. No campo da existência colhemos somente o que plantamos. Quando espargimos muitos espinheiros, acabamos enredados em seus galhos. O acúmulo de lama cria o charco. O monturo se agiganta detrito por detrito. O produto é sempre o somatório dos fatores somados.

A perturbação que resulta na tragédia é o resultado de um processo de adoecimento que se instala quando permitimos que as faíscas da impaciência se acendam em nosso cotidiano.

A paz é uma construção, assim como o desalento. É necessário exercitar a paciência, a compreensão e amor se o que se pretende é viver em harmonia e desfrutar da felicidade que nasce de uma semeadura propícia e inteligente.

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