No sebo consegui um exemplar de um manual da década de 1960 sobre a disciplina Economia Doméstica e apesar das críticas que ouvimos hoje a esse tipo de conteúdo por ter sido no Brasil direcionado às mulheres em algumas escolas, o que se alega ser uma forma de estigmatizar funções para cada gênero, é sem dúvida um conteúdo de extrema importância para nossas vidas e que em uma sociedade cada vez mais consumista e com péssima alimentação, deveria retornar à escola ensinando a todas as pessoas.
Não tenho nada contra mulheres que gostam dos papéis de maternagem e cuidados com a casa, porque hoje podemos ter mais escolhas, como refutarmos esse lugar, ou somar esses papéis a outros desempenhados. Existe uma ética do cuidado que muitas de nós também apreciamos.
Assim, o que tem de tão interessante em Economia Doméstica que podemos aplicar na nossa realidade e fazermos dela um estilo de vida? Primeiramente, a Economia Doméstica nos ensina a ter noção de orçamento. A vivermos dentro da própria realidade financeira e aprendermos a fazer escolhas inteligentes e acessíveis. Também educa para um comportamento moral.
Ora, se seu marido ou companheiro ganha R$ 5.000,00 por mês e vive como se ganhasse R$ 20.000,00, ou ele está se endividando ou está fazendo coisas ilícitas. Da mesma forma se ele ganha R$20.000,00 por mês, e sem dar maiores satisfações, apenas disponibiliza para as despesas do lar R$ 5.000,00, ou está gastando com outra família, ou com vícios, ou guardando e investindo dinheiro sem o seu conhecimento. Conheci casos de senhoras que no divórcio não faziam a mínima ideia de quanto seus maridos realmente percebiam e geralmente estavam afastadas da administração econômica da casa.
O segundo aspecto interessante da Economia Doméstica é que ensina a inventariar todos os itens de vestuário, de acessórios, etc. Isso evita consumismo desnecessário ao você ter ideia do que já possui e refletir sobre a necessidade de nova aquisição.
Terceiro, você pode aplicar o procedimento de inventariar para outros itens da casa, assim como produtos estocados na sua despensa. Quarto, a Economia Doméstica permite você fazer trocas inteligentes de alimentos que possam caber no orçamento: você aprende desde calorias, nutrientes e formas de conservação e preparo dos alimentos que te levam a escolhas mais saudáveis e otimizadas.
Quinto, ao planejar, a partir das escolhas dos alimentos, o cardápio da semana de sua casa, você consegue também economizar e não comprar em excesso alimentos que venham a se estragar.
Logicamente, não podemos esquecer de pessoas que vivem com o mínimo, para quem a adoção dos ensinamentos da Economia Doméstica se torna difícil, porque todas as necessidades são urgentes. Mas acredito que mesmo assim seja de valia, especialmente para a classe média cada vez mais endividada.