O livro Redenção de Agosto, de Carlos Newton Júnior, nos chega com inesquecível dedicatória. Conhecia o autor como estudioso da obra do conterrâneo Ariano Suassuna, mas a poesia nos aproximou ainda mais.
Os poetas falam as línguas que os poetas entendem porque veem o mesmo mundo, o mundo dos sonhos, o mundo de inquietação no rosto que reflete o mesmo rosto no espelho da poesia. A poesia ajuda a dissipar a dor da paixão, como um ponto branco em um ponto escuro, sem margens para chegar menor na alma.
Embora arquiteto, é como poeta que se destaca. Ele trabalha seus poemas com régua e compasso. São poemas agradáveis e tocantes. Coloca a sonoridade armorial em sua criação, de forma telúrica, como numa prece ao amor. Ele reúne na poesia um ato de fé, de realização do espírito, para atravessar fronteiras e fecundar sonhos.
Neste livro, como no anterior – Ressurreição: 101 Sonetos de Amor –, percebemos a sutil presença da lírica de Camões. Minha apreciação é de leitor apaixonado pela poesia, e não de estudioso das artes e das letras.
Deixo o estudo apurado de sua obra poética para Hildeberto Barbosa Filho, Milton Marques Júnior e José Mário da Silva, mestres entendidos nos meandros das teorias literárias e da poesia. Observo os poemas destes dois livros com os olhos da alma, como leitor de mim mesmo, nada mais.
Carlos deu linguagem aprazível à poesia contemporânea. Usando uma linguagem poética atraente, inovadora e amena, nos proporciona uma viagem pelos sonhos do amor. Ele soltou as rédeas para criar poemas inesquecíveis porque trazem os modos de sentir que, muitas vezes, escondemos.
Fernando Pessoa escrevia com elegância e simplicidade, o que é comum aos grandes poetas. Às vezes, estes usam galanteria para viver a plenitude dos sonhos ou da realidade. Com Carlos, não é diferente.
A poesia de Carlos Newton Júnior revela premissas com seus endereços em espiral, para revelações da paisagem da alma, sem fronteiras.
Nesta sua nova obra, há um cortejo que nada trava a leitura. Constrói, porém, imagens luminosas que fluem levemente. Carlos coloca os arreios no cavalo para galopar pelo mundo da poesia, dando rédeas à imaginação até agarrar o leitor para um diálogo interminável sobre o amor.
Com sua poesia, somos acompanhantes solitários dos próprios roteiros que não construímos.
Neste poeta, o tema amor é uma flor com voz a ressoar em nossos ouvidos. Em muitos de seus versos, ouvimos o murmúrio do amor transformado em mar de ondas calmas.
Gostei do poema “O poeta e a musa” porque lança um véu sobre o nome daquela que é do nosso encanto, como as nuvens escondem a lua para si: “Trago o teu vulto cifrado em sutis esconderijos.” E termina: “Teu rosto até descrevi, mas de modo tão sutil que nenhum...” Ousaria dizer que Carlos Newton Júnior é um dos grandes faróis da poesia brasileira, uma inconfundível voz poética nesta longa paisagem dos sentimentos. Sua poesia nos leva, a galope, ao vento pelas serranias da paixão.