Os compromissos sociais, as obrigações profissionais e até a atenção a muitos deveres legítimos podem nos distrair do valor da vida.
A corrida desenfreada para chegar no horário pode ceifar a saúde ou continuidade da existência nesse mundo, num minuto de precipitação. De nada valerá o título acadêmico se o desequilíbrio mental se instalar, devido à ansiedade e à angústia por resultados. Não importarão os planos de aposentadoria e de investimento, se o imprevisível aparecer, frustrando projetos.
Kampus
Nosso corpo se esgota depois de algumas décadas. As posses mudam de dono, nem sempre prosseguindo junto aqueles a quem as destinarmos. A morte não concede moratória, sejam quais forem os planos, por isso a prudência manda não nos apegarmos excessivamente aos bens materiais ou ao status social. O melhor é buscar o que transcende o fim do envoltório carnal, como o amor e o serviço ao próximo. Devemos buscar ocupações e afazeres com um sentido de propósito e contribuição para o bem comum.
Há mudanças súbitas no itinerário da existência. Os desafios e os problemas da vida são muitos, mas o cenário pode se alterar completamente de uma hora para outra. A perspectiva do compromisso imediato, deve ser substituída
Mart
Nenhum ser humano é dono do futuro. Fazer todo o possível para que ele seja melhor do que o presente, é o que está ao nosso alcance, mas buscar garantias através da apreensão e da inquietação com o amanhã, é depositar nos próprios ombros um fardo que torna a existência penosa e insuportável.
A parábola do homem insensato, contada por Jesus no Capítulo 12 do Evangelho de Lucas, dá conta do destino do proprietário rural que, vendo a sua terra produzir bem, pensou com seus botões: “vou derrubar os meus celeiros e construir outros maiores, e ali guardarei toda a minha safra”, dizendo ainda para si mesmo: “tenho grande quantidade de bens armazenados para muitos anos. Poderei agora aproveitar bastante, descansar, comer, beber e me alegrar”, sem saber que morreria naquela mesma noite.
RDNE Stock
Nem todos os desavisados têm a felicidade de Ivan Ilitch, o personagem de Tolstoi que planejou uma vida confortável e estável, mas é diagnosticado com uma doença terminal, e percebe que sua vida foi cheia de superficialidades e que seus planos e expectativas de um futuro brilhante seriam abruptamente interrompidos pela morte, o que o levou a um processo de autoavaliação e de profundo e sincero arrependimento.
Nathan Cowley