É o nome de um podcast que gosto muito de ouvir. Muita gente interessante das mais diversas áreas a falar do tempo; quando começa o envelhecer; o que fazer nessa fase; como administrar as agruras. Outro dia ouvi a jornalista Astrid Fontenelle e a astróloga Claudia Lisboa. A conversa rendeu sobre espiritualidade, filhos e empoderamento das mulheres nas últimas décadas. Mas fiquei a pensar sobre os filhos. E das diferenças entre os tempos.
A Claudia falou sobre coragem, desprendimento e o aventurar-se com poucos recursos, pelo mundo e pela vida. Os perrengues e o levar as coisas de forma destemida. Guardando as devidas proporções, lembrei-me das minhas poucas aventuras nessa sintonia. Pouco dinheiro, muito destino, conforto zero, e a alegria de se jogar. Viajava de carona também, e até para Baía Formosa, uma vez, fomos numa camionete, parando pelos canaviais, muita gente na boleia, em busca de um paraíso em comunidade de amigos/as. Sem hospedagem previamente reservada. Só a cantoria e as pingas importavam. E pela madrugada, acordávamos D. Regina (que virou estrela recentemente), para providenciar uma varanda, uma rede, ou uma tenda lá onde a praia fazia a curva e nós acampávamos na ladeira. Dormia enladeirada. Nem sei como não peguei varizes. Mas amanhecia vendo os surfistas ao mar. Valia à pena o desconforto e a despretensão.
Ou viajando para a Praia do Francês (AL), acampando nas areias desertas da vastidão daquele mar azul anil, areando a panela de ovo no mar cedinho e comendo carapeba de tira gosto. Salgada o dia todo e as necessidades? Ao vento. Na solidão maior daquele paraíso. Sem lenço e sem documento, literalmente.
Búzios (RJ) Paulo Charles
A simplicidade, um pouco de loucura, e o desejo da juventude de ir. Somente ir. Os bens eram escassos. Não tínhamos celular, nem mapa, nem segurança, nem horários. Quem tinha carro dividia a gasolina e íamos. No Carnaval, na Semana Santa, nos feriadões, e a mochila tinha dois biquínis, uma saia comprida, uma camiseta, pijama, shorts e um par de havaiana. Nada de cremes ou maquiagem. Meu casaquinho jeans sempre tinha um lugar. Sou friorenta à brisa noturna.
Uma viagem para Ribeirão Preto de carro para passar dez dias! Essa foi organizada. Com namorado, sogra, e casa de cunhados para me hospedar. Lá conheci
Ana Adelaide (Ribeirão Preto-SP)
Acervo da autora
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Um ano novo em Salvador, com amigos, fomos até o dia dos fogos e a procissão dos barcos. Éramos três. Viagem direto. Dois dias e voltávamos. Tudo urgente e vagarosamente. Sem planejar nada e com tão poucos recursos e expectativas.
Num desses acampamentos, para Pipa ou Cardosa, minha irmã grávida do primeiro filho, chegamos embaixo dos coqueiros e uma barraca enferrujada, descobrimos que, não tínhamos levado abridor de lata e nem um monte de coisinhas fatais. Desanimadas, tomamos um banho de lagoa e voltamos com esse passeio abortado e o carnaval desativado. Era tudo de outros tempos mesmo.
Mas o assunto era sobre os filhos. A Claudia falava de como os jovens de hoje tem tudo tanto e as facilidades. Sim, o mundo hoje exige bens de consumo mais e mais. Ninguém vai na esquina sem um celular e/ou um google maps. E os programas, todos, exigem reserva, hotéis, baladas, bebidas,
Ana Adelaide Peixoto (Pipa-RN)
Acervo da autora
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